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O Eco Dourado do Engano: Trump, Putin e a Arte de Manipular o Mundo

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O Peão Dourado: A Tragédia do Poder na Era da Manipulação

Por Augustus Veritas


“Os deuses antigos não desapareceram; apenas vestiram fato e gravata, e aprenderam a sorrir nas cimeiras.”

Há figuras na História que não precisam de ser traidoras para o serem. Bastam-lhes a vaidade e a ignorância – e o poder faz o resto. Donald Trump é uma dessas figuras, um homem que acreditou ser o maestro, quando na verdade era apenas o instrumento. Na grande partitura geopolítica do século XXI, Putin tocou-o como quem dedilha um piano gasto, extraindo dele a melodia perfeita para o caos.

O Narciso e o Espião

Trump, o narcisista ensimesmado, foi o sonho molhado de qualquer estratega da antiga KGB: previsível, vaidoso, faminto de admiração e incapaz de distinguir o aplauso do envenenamento. Putin percebeu-o à primeira troca de olhares.
Não precisava de o comprar – bastava elogiá-lo. E assim, entre sorrisos, o antigo espião soviético moldou o magnata americano à sua imagem: autoritário, impulsivo, desconfiado da imprensa, inimigo da dúvida e devoto da força.

O Ouro Sujo do Sonho Americano

Nos subterrâneos do império Trump, corria há muito o ouro de Moscovo. Investimentos vindos de oligarcas, propriedades pagas em dinheiro, projectos imobiliários banhados em rublos reciclados. A Rússia não precisava de subornar o candidato: ele já se vendera há décadas ao brilho do dinheiro fácil.
Eric Trump chegou a dizê-lo em 2017, com a candura dos inocentes: “Todo o nosso dinheiro vem da Rússia.”
O capital, esse verdadeiro demiurgo moderno, preparara o terreno para o que viria a seguir.

A Arte de Dividir

Putin, o mestre da fragmentação, não queria dominar o mundo — queria apenas que o mundo se desentendesse.
Trump serviu-lhe essa guerra de bandeja: destruiu a confiança americana nas suas instituições, ridicularizou aliados, enfraqueceu a NATO e descredibilizou a verdade como valor político.
Através dele, a Rússia obteve o que décadas de espionagem não conseguiram: o Ocidente dividido contra si próprio, enredado em pós-verdades e ódios domésticos.

A Reunião Silenciosa

Em Helsínquia, 2018, dois homens sentaram-se frente a frente. Nenhum registo oficial sobreviveu, nenhum intérprete americano pôde falar.
O que se disse entre Trump e Putin permanece envolto num silêncio mais eloquente do que mil relatórios. Mas o eco foi audível: sanções suavizadas, retórica branda, elogios públicos.
A América, pela primeira vez, parecia curvar-se perante a Rússia — e Trump, alheio à ironia, acreditava ser o conquistador.

O Agente que Não Sabia que o Era

Os serviços de inteligência chamam-lhe “useful asset”: um ativo útil, manipulado sem plena consciência. Trump encaixa nessa definição como uma luva dourada.
Putin não precisou de conspirar com ele — bastou-lhe observar, acenar e deixar o homem agir por instinto.
A vaidade substituiu o treino de espionagem. O ego fez o resto.
Trump tornou-se o veículo da influência russa dentro da própria Casa Branca: uma bomba de desinformação com cabelo cor de milho e um telemóvel na mão.

A Tragédia do Espelho

Na política, como na tragédia grega, o herói cai não por maldade, mas por ignorância.
Trump acreditava lutar pela grandeza da América, mas os deuses que o guiavam falavam russo.
E no final, o palco ficou coberto de cinzas — as da confiança, da decência, da verdade.

Epílogo

No século XXI, já não se conquistam impérios com tanques, mas com algoritmos, vaidades e hashtags.
Putin compreendeu-o.
Trump foi apenas o espelho partido de uma civilização que perdeu o sentido da verdade — e que, fascinada pelo reflexo do poder, esqueceu-se de olhar para a realidade.

O verdadeiro agente do caos é aquele que acredita estar a salvar o mundo.

“Há quem venda a alma por ouro — e há quem a entregue por aplausos.”


📚 Fontes Fidedignas e Documentos Consultados


Publicado em Fragmentos do Caos | Série “Contra o Teatro da Mediocridade”

https://www.fragmentoscaos.eu


🧭 Excerto

“O poder, quando concentrado, é um espelho que amplia feridas. Se não quisermos que traumas individuais determinem destinos coletivos, precisamos de instituições que transformem dor em limite — não em doutrina.”

🌌 Fragmentos do Caos: BlogueEbooksCarrossel

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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