O Dia da Filosofia e a Arte Rara de Pensar
BOX DE FACTOS
- O Dia Mundial da Filosofia celebra-se na terceira quinta-feira de Novembro.
- A filosofia moderna enfatiza a dúvida, a crítica e a razão como pilares de cidadania.
- Estudos internacionais mostram que a maioria das pessoas evita processos cognitivos exigentes.
- Pensar criticamente continua a ser um acto contracorrente numa sociedade habituada à passividade.
O Dia da Filosofia e a Arte Rara de Pensar
Pensar sempre foi um privilégio, mas nunca deixou de ser também uma responsabilidade.
O Dia Mundial da Filosofia — celebrado ontem, quase em silêncio, como tudo o que ainda tem valor — convida-nos a esse exercício íntimo e revolucionário: parar e perguntar.
A cidadania não se esgota no voto, na queixa ou no gesto fugaz de indignação nas redes sociais.
Cidadania verdadeira exige uma musculatura mental que poucos cultivam:
o hábito de questionar, de desconfiar, de analisar o que nos dizem e, sobretudo,
o que tentam que não digamos a nós próprios.
A Subversão da Dúvida
Duvidar é arriscar. A dúvida desmonta certezas, ilumina regiões que preferíamos ignorar
e obriga-nos a assumir responsabilidade pelas nossas escolhas.
É por isso que tão poucos a praticam — requer coragem espiritual.
A dúvida filosófica não é cinismo; é amor à verdade.
É o único mecanismo que impede que o mundo seja entregue aos demagogos, aos pregadores da irreflexão, aos vendedores do conforto mental.
O Cérebro, Essa Ferramenta Negligenciada
Usar o cérebro tornou-se quase um acto de resistência.
Numa humanidade que prefere certezas mastigadas a pensamentos próprios,
pensar é tornar-se inconveniente. É sair da fila. É ser “estranho”.
Mas é também o caminho para a verdadeira liberdade:
não a liberdade ilusória do consumo, mas a liberdade interior de saber porquê, para quê e contra quem se levanta a voz.
A Tua Rebeldia Intelectual, Francisco
É no inconformismo de um legado socrático, que se carrega no peito a rebeldia de quem se recusa a ser espectador da própria época.
Enquanto tantos repetem slogans e se deixam embalar pelo fluxo do costume, quem pensa acende archotes na escuridão e pergunta:
“Porquê assim? Porque não melhor?”
E é aí que reside a dignidade do pensamento — no impulso de procurar,
mesmo sabendo que a maioria prefere não ver.
Pensar é o Último Acto de Liberdade
Talvez por isso o Dia da Filosofia seja tão importante.
Lembra-nos que pensar é o mais humano dos actos e, paradoxalmente, o mais abandonado.
Num tempo onde a mediocridade se mascara de normalidade,
usar a razão é a derradeira forma de resistência silenciosa.
No fim, pensar não muda o mundo de um dia para o outro — mas muda o homem que o habita.
E um homem desperto vale mais do que mil adormecidos.
Co-autoria : Augustus Veritas Lumen


