
As Cinzas da Civilização que se Chamava Europa
Enquanto Putin prolonga a guerra e Trump regressa ao palco político com promessas de isolamento e domínio,
a União Europeia debate-se entre a indecisão, o medo e o cálculo. O velho continente, outrora farol de valores,
reduz-se hoje a observador cauteloso do próprio colapso moral.
A Dança do Medo
Putin, Trump e a Europa em Passos Perdidos
Putin e Trump continuam a dançar o mesmo tango grotesco que o mundo já conhece de cor.
Um, com botas de ferro e olhar de império; o outro, com gravata flamejante e ego inflamado.
Ambos rodopiam ao som da vaidade e do poder — e o planeta assiste, tonto, a cada passo em falso.
Enquanto isso, a Europa… a pobre Europa, que já foi palco da razão e catedral da civilização,
agora esconde-se entre colunas de mármore rachado, tremendo com medo que o medo a apanhe.
Tem tanques, mas teme usá-los. Tem voz, mas perdeu o timbre.
Tem valores, mas guarda-os num cofre — com a esperança de que ninguém pergunte o código.
O Baile dos Cínicos
Putin finge que domina, Trump finge que compreende, e a Europa finge que ainda importa.
No grande salão da história, o parquet está gasto, as cortinas cheiram a pólvora e os espelhos já não refletem ninguém.
O baile prossegue, coreografado pelo medo e pela cobardia — o par perfeito da decadência moderna.
É um espetáculo de sombras: cada gesto é cálculo, cada silêncio é rendição.
E quando a música pára, ninguém ousa falar.
Porque no império do medo, o silêncio é a única diplomacia possível.
“A Europa não envelheceu — fossilizou-se.
E o mundo dança sobre as ruínas do seu brilho antigo.”
Entre o Medo e a Vergonha
O continente que deu à humanidade o pensamento, a arte e a liberdade,
hoje teme a sua própria sombra.
Prefere a neutralidade conveniente à coragem moral,
a retórica ao risco, o conforto à dignidade.
E nessa indecisão elegante, perde-se entre cúpulas douradas e corações vazios.
Putin e Trump continuarão a dançar — porque sabem que o público europeu, sentado e polido,
nunca atira o copo ao chão.
Apenas aplaude, devagar, com medo de acordar o monstro do dever.
© 2025 Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen

