
🔥 Generais de Ecrã Vendidos e a Pátria em Fumo
O Circo das Opiniões Vendidas
Na arena mediática portuguesa, a pluralidade serve muitas vezes de cortina para a manipulação.
E quem paga a conta é sempre o espectador que ainda ousa pensar.
Há noites em que ligo a televisão e sinto que entrei num cabaré de retórica cínica.
A CNN Portugal, com ares de imparcialidade cosmopolita, convida pró-russos disfarçados de analistas,
generais reformados que ainda não perceberam que o mundo mudou, e figuras cuja visão estratégica é tão ampla
quanto o ecrã do teleponto à frente deles.
Esses homens — quase sempre homens — falam com a autoridade de quem viveu à sombra do erário público,
usufruindo das benesses de um país que lhes pagou tudo, desde o café da manhã até à reforma dourada.
E agora, com gravata e cara séria, vendem ao povo uma narrativa contaminada, nojenta, indecente.
Uma narrativa que desrespeita a inteligência de quem ainda acredita na justiça e na verdade.
Enquanto o país se desmorona em silêncio, as televisões montam o seu circo: generais de sofá, economistas de almanaque,
e comentadores que mudam de opinião conforme a direção do vento ou do financiamento.
Todos a recitar a cartilha da conveniência, a fingir independência, a normalizar o absurdo.
O problema, caro leitor, não é apenas o que dizem — é o espaço que lhes dão.
Porque dar palco à mentira é torná-la respeitável, é vestir o cinismo com o fardamento da seriedade.
E o resultado é este: um país anestesiado, que já nem distingue entre informação e entretenimento político de sarjeta.
Portugal merecia melhor. Merecia jornalistas que perguntassem “porquê?” e não “quanto?”.
Merecia debates com intelectuais livres, não com papagaios de Moscovo ou Washington.
Merecia, sobretudo, que alguém desligasse o microfone aos que falam sem alma e sem vergonha.
Por Francisco Gonçalves
Série “Contra o Teatro da Mediocridade”
Publicação em
Fragmentos do Caos

