
Porque o obsoleto tem que morrer
Tão importante quanto inovar é deixar morrer

“Tão importante quanto promover a inovação é deixar morrer as tecnologias obsoletas”, defenderam recentemente os Prémios Nobel da Economia.
Há nisto uma verdade quase biológica: a evolução não é feita apenas de nascimento, mas também de extinção. Cada ideia que se ergueu sobre os alicerces de outra só pôde florescer porque algo foi abandonado, desactivado, esquecido — e isso é tão essencial como o acto de criar.
Inovar é uma arte de desapego. É saber quando desligar as máquinas do passado, quando permitir que um código antigo, uma tecnologia cansada ou um modelo mental se apaguem com dignidade. Só assim o novo respira e cresce.
Em demasiados lugares, perpetua-se o conforto sujo da rotina — políticas, empresas e hábitos que mantêm aparelhos e processos obsoletos em vida artificial. Pensam que conservam, quando na verdade alimentam a decadência.
Não há inovação sem funeral. Não há futuro sem o luto do passado. Deixa morrer o que impede o nascer do novo.
✍️ Francisco Gonçalves — Fragmentos do Caos

