
Portugal, Onde a Riqueza Não Flui
Que economia e sobretudo que futuro para Portugal?
Publicado originalmente em 6 de dezembro de 2013 — Blog fgonblog.blogspot.com
Edição revista e comentada — Outubro de 2025, em Fragmentos do Caos
Qual economia, qual recuperação, qual revitalização das empresas!
E sobretudo… que futuro para Portugal ?
Será que ninguém explica a estes economistas, políticos e governantes medíocres e sem vergonha, o que significa a palavra moeda (dinheiro), em inglês currency, que implicitamente quer dizer… fluir… circular… ?!
Pois se o dinheiro fica sempre entrincheirado nas mãos de meia dúzia de avaros e agiotas deste pobre país, e estes o põem sempre a salvo… em fantásticos “colchões” de offshores, sobretudo durante as crises económicas — precisamente quando este é mais necessário na economia e devia ser posto a circular…
Do dicionário: currency — substantivo
moeda – currency, coin, gold / dinheiro – money, currency, dough, gold, penny, purse
moeda corrente – currency / circulação – circulation, running, currency, march
curso – course, progress, current, class, process, currency
papel moeda – paper money, paper currency, bank paper…
…portanto, não o deixam circular… fluir… progredir…
Assim o país nunca terá futuro, e falar de economia é falar de corrupção, crime, agiotagem e extorsão — nunca de criação de riqueza.
O sempre badalado “empreendedorismo” é uma falácia e uma forma desonesta de propor o “desenvolvimento” do país.
E pior: uma mentira concertada pelos agiotas para assim manterem o povo no seu lugar, enquanto estes desfilam por entre a podridão das suas fortunas inúteis e estéreis — quase sempre fruto do roubo e da agiotagem sobre a nação.
“Um empreendedor que tenta criar um negócio numa sociedade enferma é como uma semente num vaso que nunca é regado:
por mais talentoso que seja esse empreendedor, o negócio nunca poderá florescer.”
— Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn
Uma moeda (currency) que não circula na economia traduz necessariamente uma economia débil e sem qualquer vitalidade — e como num corpo humano onde a circulação sanguínea é deficiente, tal só pode determinar a falência e a morte!
Cuidados paliativos e medidas avulso são sempre a receita, mas nunca a cura.
O resultado é um país sempre em crise, num imenso lodaçal de pobreza!
Ontem, hoje e amanhã… fatalmente.
O país precisa ser qualquer coisa de LIMPO E ASSEADO, e nas escolas precisam ensinar outras matérias — que não apenas como se faz extorsão, evasão fiscal, economia paralela, crime económico…
Enfim, parar de ensinar e dar exemplos de como se sobe na vida apenas pela desonestidade, pela cabotinagem e bajulação sórdidas, pela mentira e mesmo pelo crime — que em Portugal compensam sempre!
“A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos ‘ricos’.
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu é propriedade de outros.
É produto de roubo e de negociatas.”
— Mia Couto
Francisco Gonçalves
francis.goncalves@gmail.com
Nota editorial — 2025
Doze anos volvidos, o diagnóstico mantém-se — agravado, refinado e institucionalizado.
A “moeda que não circula” tornou-se sistema, método e cultura.
Os fundos da União Europeia, que deveriam irrigar a economia real, evaporaram-se nos desertos da burocracia e nas sombras das elites que controlam o poder político e mediático.
Portugal continua refém da economia de fachada, sustentada por turismo, subsídios e consumo importado.
A indústria, outrora orgulho nacional, foi desmantelada em nome da “modernidade europeia”, e os jovens talentos, como um exército silencioso, continuam a emigrar.
Em 2013 falava de uma semente num vaso que nunca é regado.
Hoje, esse vaso está rachado, e a terra tornou-se pó.
Mas há sementes novas — espalhadas pela lucidez de quem não aceita o destino imposto pelos que confundem “progresso” com propaganda e “riqueza” com acumulação.
“Um país só é livre quando a sua moeda é o seu povo — e o seu valor, a dignidade.”
Que este texto, escrito em 2013, permaneça como testemunho e como aviso.
Porque a verdade, mesmo esquecida, continua a pulsar nas entrelinhas da História — e Portugal, se quiser, ainda pode voltar a fazê-la circular.
— Francisco Gonçalves, Outubro de 2025
Recomendo a Leitura :
Os pobres dos nossos ricos, por Mia Couto — leitura complementar

