
Apocalipse Now : A paz que vira fogo
Trump e o Nobel da Paz: Quando o Mundo Decide Premiar o Apocalipse
Por Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen — Crónica Satírica | Fragmentos do Caos
O Comité Nobel da Paz — essa assembleia de almas iluminadas que há muito confunde pacifismo com marketing —
parece ter encontrado o seu novo profeta: Donald J. Trump, o homem que prometeu erguer muros, insultar minorias
e transformar o Twitter numa arma de destruição maciça da sanidade coletiva.
Sim, dizem as más-línguas que Trump poderá ser nomeado ao Prémio Nobel da Paz.
Talvez pelo acordo com a Coreia do Norte, talvez pela assinatura de tratados com o Médio Oriente,
ou talvez, quem sabe, por ter sobrevivido quatro anos sem iniciar uma guerra nuclear acidental
ao confundir o botão do café com o botão vermelho.
A Paz segundo Trump
A “paz” de Trump é um conceito novo, revolucionário até:
não se faz com diplomacia, mas com caps lock.
É uma paz de 280 caracteres, feita de ameaças, insultos e “deals” de última hora.
Em tempos, chamava-se intimidação. Hoje, chamam-lhe geoestratégia criativa.
Imagino já o Comité Nobel reunido em Oslo, entre taças de champanhe e PowerPoints,
a debater o mérito do candidato:
— “Sim, é um narcisista compulsivo e quase incendiou o planeta…
mas, convenhamos, fê-lo com carisma!”
E lá estará o velho Alfred Nobel a girar no túmulo, transformando a sua dinamite em pura energia cinética.
Da bomba ao abraço diplomático
O século XXI tornou-se o tempo das ironias oficiais.
Os mesmos que bombardeiam países em nome da democracia são agora propostos ao Nobel da Paz.
Se Henry Kissinger pôde recebê-lo em 1973, porque não Trump em 2025?
O manual é o mesmo: primeiro arrasa, depois aperta a mão.
A indústria da paz, como qualquer outra, precisa de protagonistas.
E Trump, com o seu penteado radioativo e a subtileza de um obus, é perfeito para o papel.
Um mundo em busca de caricaturas
A verdade é que já não premiamos virtudes — premiamos audiências.
A era da razão deu lugar à era do reality show global, e o Nobel tornou-se a gala anual da hipocrisia civilizada.
Quem constrói pontes é ignorado; quem destrói muros no Twitter é candidato.
Trump não é uma anomalia — é o espelho da civilização ocidental.
Um produto do marketing, da pós-verdade e do vazio moral.
A diferença é que ele vende isso como se fosse genialidade.
O discurso da vitória (já imaginado)
Visualizo o momento:
Trump sobe ao palco de Oslo, o Nobel brilha-lhe nas mãos como um taco de golfe dourado,
e ele exclama ao microfone:
“This is the best peace, folks! Nobody does peace like me.
I invented peace. Obama got his Nobel for nothing — I earned mine bigly!”
A plateia aplaude, o mundo suspira, e as Nações Unidas publicam um tweet em modo emoji: 🤡
Epílogo: o mundo ao contrário
Talvez devêssemos agradecer.
Trump é o símbolo perfeito da era que escolhemos:
uma época em que o ridículo não é o oposto da grandeza — é o seu substituto.
Quando um homem que ameaça o planeta é candidato ao Nobel da Paz,
percebemos que já não vivemos numa comédia — vivemos na sua sequela infinita.
O mundo tornou-se o palco, e nós, os figurantes que batem palmas ao caos.
E se um dia o Apocalipse ganhar o Nobel,
que ao menos o discurso de agradecimento seja divertido.
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