Nepotismo,  Política Internacional

Trump : Mestre em guerrilha urbana

Spread the love

Trump e os 800 Generais: O Teatro da Força

Box de Factos:
– Trump reuniu quase 800 generais e almirantes numa base militar.
– Discursos inflamados defenderam intervenção do exército em cidades “radical-left”.
– O Secretário da Defesa rebatizou o Pentágono como “Department of War”.
– Foram prometidos padrões militares rígidos e fim de “exceções modernas” (barbas, diversidade, inclusividade).

A imagem fala por si: 800 generais reunidos diante de Donald Trump, num espetáculo raríssimo.
Não se tratou apenas de um encontro institucional, mas de uma encenação de poder.
A mensagem foi clara: o chefe supremo das Forças Armadas exige lealdade, disciplina e prontidão para intervir não apenas contra inimigos externos, mas contra cidadãos internos.

O Inimigo Interno

Ao acusar cidades governadas pela esquerda radical de insegurança e violência,
Trump traça uma linha perigosa: o povo transforma-se em alvo,
as ruas em campo de batalha e o exército em polícia de choque.
É o discurso clássico do autoritarismo: fabricar o inimigo interno para legitimar a repressão.

A Nostalgia Marcial

O seu secretário, Pete Hegseth, tratou de incendiar o imaginário militar:
“acabam-se os generais gordos, os barbudos e os complacentes”.
A guerra não é só externa, é também estética — contra tudo o que simbolize diversidade, suavidade ou humanidade.
Querem o guerreiro arcaico, duro, obediente, moldado à imagem de um império de ferro.

O Risco Constitucional

Quando o poder político convoca em bloco o poder militar e exige submissão direta,
rompe-se a delicada separação de poderes que sustenta qualquer democracia.
O Pentágono rebatizado “Department of War” não é apenas retórica —
é o sinal de uma marcha para a militarização da política,
uma ameaça latente de golpe em câmara lenta.

“Trump não discursou apenas para os generais.
Discursou para o mundo: quis mostrar que o poder das armas está ao seu lado.”

O Teatro da Força

A reunião de Trump com os 800 generais foi mais do que política.
Foi teatro — encenação de autoridade, culto à força, aviso velado.
Um ato simbólico que serve tanto para intimidar opositores quanto para seduzir massas sedentas de ordem.

Mas no fundo é a velha história: os povos, cansados e assustados,
deixam-se conduzir por líderes que transformam a insegurança em espetáculo e o medo em obediência.
O que parece patriotismo pode ser apenas a marcha ensaiada da servidão.


✍️ Artigo por Francisco Gonçalves
Publicado em Fragmentos do Caos

🌌 Fragmentos do Caos: BlogueEbooksCarrossel

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

📚 Explora a Biblioteca Fragmentos do Caos