
Portugal : “O melhor do mundo”
Portugal, o “melhor do mundo”: a epopeia das promessas tecnológicas
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou na ONU que “Portugal é o melhor do mundo”.
O projeto Discretion, coordenado pela Indra Deimos, venceu o Prémio Nacional de Inovação em Cibersegurança, destacando o papel de Portugal nas comunicações quânticas.
Marcelo repete-o como um refrão: “Portugal é o melhor do mundo”. Soa bem, enche o peito de orgulho, fica bonito no boletim de imprensa da ONU. Mas, cá dentro, soa como eco antigo — aquele das promessas que Portugal faz há cinquenta anos e nunca concretiza.
Já tivemos promessas de microeletrónica de ponta, de chips portugueses, de polos de inteligência artificial, de clusters aeroespaciais, de supercomputadores que iriam revolucionar a ciência, até de Silicon Valleys plantados à beira do Tejo. A lista é longa, quase épica, mas no fim resta a sensação amarga: muito anúncio, pouca transformação.
O prémio em cibersegurança, conquistado pelo projeto Discretion, é meritório e deve ser celebrado. Mas a diferença entre ganhar medalhas e transformar inovação em indústria, riqueza e soberania tecnológica é enorme. E aí é que Portugal tropeça — falta investimento sólido, falta continuidade, falta visão de longo prazo. Cada legislatura arranca com foguetes e acaba em cinzas.
“Portugal adora estar na fotografia da inovação. Mas quando passa o flash, volta ao turismo, à restauração e às rendas da função pública.”
No fundo, somos um país especialista em slogans: “melhor do mundo”, “na linha da frente”, “inovação de excelência”. Mas quando chega a hora de construir, o comboio da tecnologia passa — e nós ficamos a acenar do cais, com Marcelo a sorrir para a câmara.

