
Nepotismo à Portuguesa: O Último Ato de Centeno
📌 Box de Factos
- Mário Centeno, na reta final como governador do Banco de Portugal, nomeou o seu chefe de gabinete, Álvaro Novo, para funções estratégicas.
- O sucessor, Álvaro Santos Pereira, tinha defendido que tais nomeações não deveriam ser feitas no fim de mandatos.
- Álvaro Novo, amigo de longa data de Centeno, mantém agora posição no Secretariado-Geral e Conselhos (SEC).
- Centeno justificou a decisão com a experiência de Novo e confirmou que permanecerá no Banco após deixar o cargo.
O Abuso da Constituição e o Nepotismo de Centeno
Portugal volta a assistir ao ritual do poder fechado sobre si mesmo.
Mário Centeno, ainda governador do Banco de Portugal, decidiu blindar a carreira de
Álvaro Novo — amigo pessoal, antigo braço direito no Ministério das Finanças e chefe de gabinete —
garantindo-lhe um cargo estratégico mesmo à beira da mudança de liderança.
O contraste é evidente: Álvaro Santos Pereira, o sucessor, defendeu publicamente que decisões estruturais
não deviam ser tomadas no final de mandatos. Centeno, porém, fez exatamente o contrário, mostrando que a palavra
de quem entra vale menos que a vontade de quem sai.
A desculpa oficial? “Quase duas décadas de experiência” e “regras internas desde 2016”. Mas a realidade é outra:
a perpetuação de uma rede de confiança pessoal dentro da instituição, disfarçada de normalidade administrativa.
Um exemplo claro de nepotismo institucionalizado.
Mais grave ainda é a confirmação de que o próprio Centeno continuará no Banco após a saída.
Em Portugal, o poder raramente abandona o palco — limita-se a trocar de cadeira.
É o eterno retorno das elites: quem chega nunca parte, quem manda nunca larga o osso.
O caso expõe a banalização do abuso da Constituição e do nepotismo:
em vez de instituições exemplares, temos lugares cativos distribuídos entre amigos do sistema.
No fundo, a mensagem é simples: a Constituição existe, mas é moldada como barro nas mãos de quem governa.
E o Banco de Portugal, que devia ser pilar de confiança e ética, surge como mais uma engrenagem
de um teatro onde as regras são secundárias e a prioridade é sempre a mesma —
garantir a sobrevivência dos de sempre.
Série Contra o Teatro da Mediocridade – Fragmentos do Caos

