
Portugal – Banhadas de Ética
Portugal e a Casa da Corrupção
A Polícia Judiciária de Leiria investiga uma casa de luxo na Golegã ligada ao secretário de Estado da Agricultura, João Moura.
O imóvel, avaliado em cerca de 2 milhões de euros, está em nome de uma empresa detida em partes iguais por Moura e pela sua esposa.
O governante afirma ter “suspenso” a quota antes de assumir funções, mas não há registo formal dessa suspensão.
Há sempre uma casa no meio da sombra.
Ora erguida em cimento e vidro, ora mascarada em nomes de empresas e quotas suspensas, ora escondida sob a promessa de um “não tenho conhecimento formal”.
Mas Portugal já conhece de cor esta cantilena:
quantos ministros, quantos secretários de Estado, quantos autarcas e quantos filhos do poder caminham neste palco onde a transparência é apenas palavra morta?
Aqui, uma casa de luxo na Golegã.
Ontem, um terreno em Lisboa.
Amanhã, será uma herdade, um condomínio, um refúgio algures à beira-mar.
Mudam as fachadas, repete-se a farsa.
E o povo?
O povo assiste, cansado, ao desfile das desculpas.
“Não tenho conhecimento”, “foi a minha mulher”, “está em nome da empresa”.
Palavras ocas que escorrem como tinta barata em muros velhos.
Portugal é hoje um país de mansões que florescem na lama,
onde o suor do trabalhador paga a renda da corrupção,
onde a justiça chega tarde, se chega.
Mas nem tudo está perdido.
Cada tijolo desta casa de sombras pode ser derrubado por um sopro de luz.
O dia em que o povo disser basta — e se erguer, não em fúria, mas em dignidade —,
essa será a verdadeira demolição.
Não da casa da Golegã, mas da Casa da Corrupção que, há décadas, nos rouba futuro e esperança.
E nesse dia, os jardins não serão regados a sangue de impostos desviados,
mas a liberdade, justiça e verdade.
Porque só aí Portugal deixará de ser refém de políticos corruptos
para se tornar, finalmente, casa do seu povo.

