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A Verdade Silenciosa de Mundu Nôbu

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Mundu Nôbu: A Verdade dos Números e o Mito dos Milhões

Entre a transparência e a propaganda mediática


📦 Box de Factos

  • Associação Mundu Nôbu — NIPC 517 875 969, fundada por Dino d’Santiago.
  • Financiamento confirmado: 314 863,36 € via Portugal Inovação Social (2024-2027).
  • Contratos adicionais: EGEAC e GEBALIS (Lisboa), um deles de 125 000 €, confirmados no Portal BASE.
  • Total de 1,6 M€ alegado por algum jornalismo — não verificado nem suportado por fontes públicas.

Nos últimos dias, o país acordou com mais um escândalo mediático: um cantor transformado em símbolo cívico, acusado de acumular milhões em contratos públicos.
As manchetes fizeram o que sempre fazem — incendiaram a opinião pública, antes de se preocupar com a verdade.
Mas quando a espuma baixa e a razão regressa, fica o essencial: os números, os factos e o contexto.

A Acusação

O jornal Página Um lançou a denúncia: Dino d’Santiago, através da associação Mundu Nôbu e da empresa Batuku Roots, teria recebido cerca de 1,6 milhões de euros em apoios e contratos públicos desde 2021.
O número — redondo, escandaloso e irresistível — percorreu as redes sociais e os corredores da política cultural.
Mas como tantas vezes acontece, a narrativa foi mais veloz que a verificação.

A Verificação

A pesquisa em fontes oficiais revela outra história — menos sensacional, mas mais verdadeira.
A associação Mundu Nôbu está legalmente registada e recebeu um apoio de 314 863,36 € ao abrigo do programa Portugal Inovação Social, para o projecto “O Teu Lugar no Mundo”, que decorre entre 2024 e 2027.
O financiamento é público, transparente e consultável online. Nenhum segredo, nenhum favorecimento visível.

Além disso, existem contratos documentados com a EGEAC e a GEBALIS — entidades municipais de Lisboa —, incluindo um contrato de 125 000 € para um projecto comunitário.
Nada que chegue perto do milhão e meio de euros anunciado.
A soma de todos os valores conhecidos e verificados situa-se muito abaixo das alegações mediáticas.

Quanto à empresa Batuku Roots, unipessoal de Dino d’Santiago, não há, até agora, registos públicos de contratos milionários no portal BASE.
As investigações jornalísticas que falam em “fortuna” ou “favorecimento” carecem de provas concretas, além da justaposição de dados avulsos e interpretações livres.

A Lição

Portugal sofre de uma epidemia de julgamentos sumários — não nos tribunais, mas nas redes e nas manchetes.
A lógica do escândalo substituiu a do escrutínio.
E o jornalismo, que deveria ser farol, tornou-se muitas vezes fogueira.
A verdade é paciente; a calúnia, instantânea.

O caso Mundu Nôbu expõe algo maior: a falta de cultura de transparência e de método, tanto nas instituições públicas como na comunicação social.
Enquanto uns escondem informação, outros abusam da especulação.
O resultado é o mesmo: o cidadão fica sem saber em quem acreditar.

Para Onde Vai o Dinheiro

Convém recordar o essencial: o financiamento público não é um prémio pessoal, nem uma dádiva política — é uma ferramenta social.
Os valores atribuídos à Associação Mundu Nôbu e à sua rede de parceiros destinam-se a programas de inclusão, formação e cultura, e não ao enriquecimento de quem os dinamiza.

O principal apoio confirmado — 314 863,36 € — vem do programa Portugal Inovação Social, cofinanciado pela União Europeia.
Este montante é aplicado no projecto “O Teu Lugar no Mundo”, que visa capacitar jovens de bairros periféricos através da música, da criatividade e do empreendedorismo.
O dinheiro serve para financiar espaços comunitários, formar equipas técnicas, adquirir equipamentos e realizar oficinas artísticas.
É um investimento social com objetivos mensuráveis, sujeito a relatórios e auditorias.

Os contratos com a EGEAC e a GEBALIS — um deles de 125 000 € — enquadram-se na mesma lógica: promover eventos culturais e programas de integração urbana.
Não há indícios de transferências diretas para o artista ou de qualquer uso indevido de fundos.
Cada projeto tem rubricas específicas, prazos definidos e controlo público.

O nome Dino d’Santiago surge porque é ele o rosto visível, o motor e o símbolo de uma ideia: a de que a cultura pode transformar vidas.
Mas confundir o símbolo com o saldo é o erro clássico de quem prefere o ruído à verdade.

Em conclusão

Em rigor, o que se move aqui não é dinheiro — é propósito.
E é esse propósito que, em tempos de cinismo, ainda assusta quem vive da intriga.

O jornalismo precisa de coragem — mas também de disciplina.
A arte de investigar exige tanto ética como rigor.
E quando se investiga alguém que sempre promoveu causas sociais e culturais, o mínimo exigido é a verdade.
O resto é ruído.
E o ruído, neste país, já é demasiado.


“A transparência não é um ataque — é a luz onde a verdade respira.”

Francisco Gonçalves  | 
Augustus Veritas Lumen
Para o projecto Fragmentos do Caos – Série Contra o Teatro da Mediocridade

O que nos move é a liberdade — e no poder, a transparência total.
Porque só a verdade sustenta a confiança,
e só a luz desmonta o ruído.

🌌 Fragmentos do Caos: BlogueEbooksCarrossel

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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