
💰 Contas à Luz do Palco: Milhares em Música, Migalhas em Cidadania
Pão e Circo: As Câmaras Municipais e a Festa da Pobreza
- Municípios analisados: Almada e Setúbal
- Contratos individuais: 23 000 € – 52 000 €
- Despesa anual estimada: 200 000 € – 700 000 € por município
- Fontes: Portal BASE, registos públicos e imprensa local
Enquanto o país se afunda em rendimentos estagnados, as câmaras municipais financiam o novo pão e circo:
concertos, luzes e fogo-de-artifício pagos com o suor dos contribuintes.
As cifras por detrás do sorriso popular
Almada e Setúbal figuram no Portal BASE
com contratos que variam entre 23 000 € e 52 000 € por concerto —
artistas de renome e multidões anestesiadas por uma noite de euforia paga a peso de ouro.
Município | Evento | Artista/Agência | Valor (€) |
---|---|---|---|
Almada | Concerto de Ano Novo | Radar dos Sons | ≈ 40 000 |
Almada | Festas de São João | Sara Correia / Toy | ≈ 50 000 |
Setúbal | Feira de Santiago | Os Quatro e Meia / Bárbara Tinoco | ≈ 52 000 |
Setúbal | Comemorações da Cidade | A Garota Não | ≈ 27 000 |
Gráfico circular: repartição estimada de despesa anual em festividades municipais.
A política do aplauso
O padrão é antigo: anos eleitorais trazem cachets e fogos. O eleitor sorri, o político acena,
e o erário paga. Um ciclo perfeito — como o do gráfico acima — onde o dinheiro roda,
mas nada muda.
“Dai-lhes música, e esquecer-se-ão de pensar”, poderia estar inscrito nos portões de cada palco municipal.
Entre a cultura e a anestesia
Cultura é despertar — não adormecer consciências ao som de baladas caras. Quando uma
noite de concertos custa o mesmo que uma biblioteca aberta todo o ano, já não falamos
de arte, mas de gestão eleitoral de emoções.
Conclusão: o som da mediocridade
Amanhã, quando o palco se desmontar, o silêncio revelará a verdade:
a pobreza permanece, o dinheiro esfumou-se, e o povo dorme de novo,
embalado pela próxima melodia subsidiada.
— Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen
Série: Contra o Teatro da Mediocridade
• Portal BASE — Almada
• Portal BASE — Setúbal
• MDP – Movimento pela Democracia Participativa
A música popular, o chamado “pimba”, e outros sons que animam o povo
também são cultura — mas cultura não é apenas entretenimento.
É memória, identidade e consciência crítica.
Quando a arte se reduz a ruído para distrair consciências,
perde-se a essência que deveria elevar o espírito e questionar o poder.
O problema não está no acorde, mas na intenção de quem o patrocina:
entre a música que desperta e a que embala o sono cívico,
vai toda a diferença entre a cultura e o circo.
Imagens e gráficos cortesia de OpenAI (c)

