
Portugal: Um país desigual
O Portugal de Desigualdades Desiguais

No silêncio dos gabinetes ecoam promessas leves — promessas que, às vezes, levam anos até nascerem para quem mais precisa.
A palavra “acomodar” torna-se eufemismo para empurrar esperanças com os pés do calendário.
“Se vier teremos que acomodar” — não é um anúncio, é um trémulo voto de compromisso condicional.
A subida prometida (mas indecente no tempo)
“Se vier teremos que acomodar” — palavras que pendem no vazio entre o anúncio e a execução.
Imaginar uma “subida maior nas pensões mais baixas” é desejar que Portugal, enfim, dobre o joelho perante os que viveram décadas de trabalho árduo.
Mas aqui começa o calvário: a ministra recusa antecipar, tergiversa, posterga.
E se PS e Chega aprovaram juntos medidas antes — o presente observa com ceticismo.
O limite da acomodação
“Acomodar” sugere provisório.
Como se este país fosse um quarto onde se empurra o móvel vagamente para deixar espaço para mais um idoso de pensão baixa.
Mas não basta acomodar pobres: é urgente reformar o sistema para que ele seja justo, sustentável e não ocasional.
Pensões antecipadas: espera até quando?
Sobre as pensões antecipadas, o governo invoca “relatório intermédio” e estende prazos — justamente no tempo eleitoral.
Enquanto isso, os que pensam em antecipar veem-se presos à lentidão dos aparatos institucionais.
Um país desigual em desníveis ocultos
Estas desigualdades não nascem de espanto: são cultivadas nas rachaduras do sistema tributário, na educação que separa, na saúde que discrimina.
E agora vêm vestidas de paternalismo — quem exige dignidade é tratado como luxo caro.
Desígnio de futuro
Que seja possível — e que seja urgente —:
redefinir as pensões como pacto intergeracional de dignidade,
tornar a assistência social menos provisória do que os orçamentos anuais,
reconciliar crescimento com justiça, e crescimento sustentável com equilíbrio.
Porque não basta acomodar: é hora de transformar.

