
Nascer em Portugal no Chão do Hospital
Nascer no Chão
Hospital de Gaia. Outubro de 2025. Uma mulher entra em trabalho de parto. Mas não há equipa, não há sala, não há resposta. Há chão. E foi ali, entre um balcão e o silêncio, que o novo português chegou ao mundo.
A Ministra da Saúde reagiu com “grande consternação” e disse que “temos que evitar estas situações”. Como quem tropeça num tapete de sangue e solta um “ups”.
Evitar o quê, Senhora Ministra? Evitar que o país veja o que se passa? Evitar que nasçam mais crianças em corredores, em escadas, em receções e em filas de espera que duram nove meses?
Quando um Estado deixa nascer no chão, é porque já se deitou com o abandono.
Não foi um caso isolado. Foi o reflexo do sistema. E o sistema somos nós, os que assistimos, os que calamos, os que deixamos os ministros prometerem que “tudo farão” depois do chão já estar sujo.
— Francisco Gonçalves & Augustus Veritas
Fragmentos do Caos, 8 de Outubro de 2025
Fonte:
Público — “Temos que evitar estas situações”, diz Ministra da Saúde sobre bebé que nasceu no chão

