Europa: O Gigante Económico, o Anão Político

Medo, cobardia ou simples incompetência?

Como é possível que uma União com mais de quatrocentos milhões de cidadãos, uma moeda forte,
ciência, tecnologia e poder económico imenso, trema diante de uma Rússia fragilizada, com uma
economia dependente de gás e petróleo, um PIB diminuto e um regime cada vez mais isolado?

A resposta está na incapacidade política da Europa: um mosaico de interesses nacionais,
em que cada líder olha para o seu eleitorado e não para o futuro do continente. Uns temem
perder energia barata, outros não querem assumir riscos, outros ainda preferem fingir
mediações estéreis. Enquanto isso, Putin sorri: conhece a fraqueza de Bruxelas e joga com ela.

O medo herdado da Guerra Fria ainda paira como um fantasma nuclear. Mas não é apenas medo:
é também cobardia, e sobretudo incompetência. Décadas de discursos sobre “autonomia estratégica”
resultaram em nada, e a Europa continua refém de dependências externas que ela própria criou.

A União Europeia é o retrato da contradição:
um colosso económico, mas um anão político e militar.

Esta paralisia não é apenas vergonhosa, é perigosa. Porque mostra ao mundo que a Europa,
apesar da sua riqueza, não sabe agir em conjunto, não sabe decidir, não sabe defender-se.
É o continente da hesitação, eternamente à espera que alguém — os Estados Unidos, a NATO,
a História — tome a decisão por si.

Enquanto isso, Putin continua a jogar o seu xadrez. E a Europa, com todas as peças em campo,
continua a olhar para o tabuleiro sem nunca mover.