
Portugal – Governos que delapidam a “coisa” Pública
Portugal, entre a Incompetência e o Servilismo
📌 Factos Essenciais
- O negócio do Novo Banco com a Lone Star exemplifica a forma como o Estado português assume prejuízos e os privados ficam com os ganhos.
- Desde 2017, o Estado injetou milhares de milhões através do Fundo de Resolução para cobrir perdas do banco.
- Outros casos semelhantes: privatizações ruinosas, concessões rodoviárias, parcerias público-privadas na saúde, energia e a própria TAP.
- O padrão repete-se: o Estado perde sempre, os contribuintes pagam, os privados e fundos internacionais lucram.
O Caso do Novo Banco
Em 2017, o governo anunciou a venda de 75% do Novo Banco à norte-americana Lone Star. O discurso oficial falava em “salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro” sem custos adicionais para os contribuintes. A realidade foi outra: o contrato previa uma cláusula de capital contingente, garantindo que eventuais perdas seriam cobertas pelo Fundo de Resolução, ou seja, pelo Estado.
Resultado: ano após ano, foram injetados milhares de milhões de euros para tapar buracos, enquanto o fundo americano mantinha intacta a sua posição de acionista sem risco real. O povo português pagou a fatura, enquanto a retórica política repetia a cantilena da “inevitabilidade”.
O Estado que Perde Sempre
Este episódio não é exceção, mas regra. Ao longo das últimas décadas, Portugal tem sido palco de negócios onde o Estado assume prejuízos e transfere lucros para interesses privados nacionais e internacionais:
- Parcerias Público-Privadas (PPP): na saúde e nas estradas, contratos leoninos asseguraram ganhos garantidos para concessionários e riscos totais para o Estado.
- Energia: tarifas e contratos beneficiaram produtores privados, enquanto famílias e empresas enfrentam custos altíssimos.
- TAP: resgatada sucessivas vezes com dinheiros públicos, serviu mais como moeda de jogo político do que como empresa estratégica sustentável.
- Privatizações: empresas estratégicas vendidas ao desbarato, em nome da “modernização” e da “eficiência”, que nunca chegaram.
Incompetência ou Servilismo?
Como explicar este padrão recorrente? Há três hipóteses:
- Ignorância letrada: políticos pouco preparados, incapazes de compreender as consequências económicas dos contratos que assinam.
- Captura ideológica: elites políticas formadas em dogmas neoliberais, convencidas de que o Estado deve sempre ceder ao “mercado”.
- Servilismo intencional: dirigentes que sabem exatamente o que fazem, mas preferem proteger capitais obscuros, nacionais e internacionais, em troca de favores, cargos ou proteção futura.
Conclusão
O resultado é sempre o mesmo: um país enfraquecido, um Estado submisso, um povo explorado. O negócio do Novo Banco é apenas o retrato ampliado de uma prática corrente. A cada década, novos casos se repetem, sempre com o mesmo desfecho: o contribuinte a pagar e o poder económico a sorrir.
Portugal tornou-se um laboratório de submissão: entre a incompetência e o servilismo, a classe política parece preferir a sombra confortável dos poderes obscuros à luz da soberania e da coragem. A estatística e a retórica são usadas como cortinas, mas a realidade é crua: a democracia serve cada vez menos o povo, e cada vez mais os capitais que a capturaram.
“Os políticos dividem-se em duas categorias: os incompetentes e os perigosos.” — Kurt Tucholsky

