
Portugal : Oportunidades perdidas
Portugal recusou o comboio da tecnologia.
Em vez de futuro, escolheu ser colónia digital e turística.
Portugal: a Província Digital da Europa
Portugal não perdeu apenas o comboio da tecnologia — recusou-se a entrar nele. Preferiu a paralisia, o conforto da mediocridade e o vício da dependência. Enquanto o mundo investia em redes de 5G/6G, semicondutores, inteligência artificial e biotecnologia, nós cultivávamos congressos sobre turismo sustentável e debates sobre quotas de imigração.
A verdade nua e crua é esta: somos uma periferia satisfeita com a sua condição de servos. Em vez de soberania digital, importamos plataformas estrangeiras. Em vez de indústria de software com escala global, vendemos “startups” embrulhadas em marketing para depois as alienar a multinacionais. Em vez de universidades geradoras de revolução científica, temos fábricas de diplomas que alimentam a fuga de cérebros.
Enquanto o planeta disputa a liderança na próxima era tecnológica, Portugal acomoda-se ao papel de garçom digital da Europa: serve bem, sorri muito, mas não cria nada de valor. Tornámo-nos a estalagem do Ocidente — barata, ensolarada, disponível para quem paga melhor.
Não se trata apenas de atraso. É auto-sabotagem nacional. Somos capazes de formar engenheiros brilhantes e programadores criativos, mas empurramo-los para Londres, Berlim ou Amesterdão. Exportamos talento como exportamos vinho barato: com orgulho provinciano e lucro ínfimo.
O país que outrora lançou caravelas para conquistar oceanos, hoje contenta-se em alugar quartos no Airbnb e vender pacotes turísticos. Perdemos a ambição de produzir tecnologia, de disputar conhecimento, de reclamar soberania. Preferimos ser clientes eternos do futuro que outros fabricam.
E a sentença é clara: quem não dominar as tecnologias emergentes será colónia. Portugal escolheu ser colónia — colónia digital, colónia turística, colónia de baixo valor.
O comboio da inovação não se perdeu por acidente. Foi ignorado por decisão política. E agora, quando o ouvimos passar a alta velocidade, resta-nos acenar da janela da tasca e esperar que alguém ainda ache graça à nossa condição de país pitoresco.
Artigo autoria de ✒️Francisco Gonçalves
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