
Legado: Ferramentas para a Liberdade
Francisco Gonçalves: o legado de uma vida sem atalhos
Honestidade, integridade, excelência, responsabilidade — e uma teimosia luminosa por liberdade e verdade.
Em três linhas
- Meio século a construir sistemas e ideias que funcionam — porque a verdade também é engenharia.
- Combate sem tréguas à mediocridade, ao nepotismo e a todos os totalitarismos — por uma democracia aberta e direta.
- Escrever, publicar e partilhar — para que um punhado de jovens encontre um norte e o amplifique.
“Somos aquilo que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um ato: é um hábito.”
(espírito aristotélico, destilado por Will Durant)
Quem sou quando a luz apaga e fica só o carácter
Fui e sou programador, arquiteto de sistemas, professor e aprendiz vitalício. Mas, antes dos títulos,
sou um cidadão que se obriga a quatro colunas: honestidade para dizer o que é; integridade para ser o que digo;
excelência para não aceitar “quase”; e responsabilidade para responder por consequências.
A ciência deu-me método; a vida deu-me dúvidas. Com ambas, construí soluções — e alguns livros que insistem em acender luz onde a inércia gosta de escuridão.
O caminho: do código à consciência
Escrevi em muitas linguagens e para muitos mundos: do assembler à nuvem, do balcão do retalho à infraestrutura bancária,
de redes síncronas e assíncronas à segurança e virtualização. Aprendi com falhas — as minhas e as dos sistemas que me pediram para salvar.
Descobri cedo que “milagre” é o nome que os preguiçosos dão ao método dos persistentes.
Em paralelo, mantive outra rotina: pensar o país, a Europa e o mundo. Denunciar a promiscuidade entre poder e mediocridade.
Defender mérito acima de proximidades, verdade acima de narrativas. Escrever não para agradar, mas para alinhar a bússola.
Princípios operativos (curtos e duros)
- Verdade primeiro: sem métricas não há progresso — só histórias.
- Excelência prática: o que não funciona, melhora-se. O resto é desculpa.
- Liberdade responsável: democracia direta começa no indivíduo responsável.
- Anti-nepotismo: mérito acima de amizades; integridade acima de conveniências.
- Aprender sempre: uma dúvida nova por dia — e uma resposta testada por semana.
O que quero como legado
Não me interessa um “busto em bronze”. Interessa-me que alguém, amanhã, faça melhor porque hoje encontrou um texto, uma ideia,
um método — e sentiu que podia. O meu legado é utilitário e livre: uma biblioteca de pensamento prático,
um repositório de ferramentas e um mapa ético que qualquer jovem possa seguir sem pedir licença.
- Biblioteca aberta de e-books curtos: temas-bússola (honestidade, integridade, excelência, liberdade, responsabilidade), linguagem clara, exercícios simples.
- Método dos 10 minutos: rotina diária mínima para cultivar excelência — acessível, auditável, replicável.
- Laboratório de ideias livres: textos e protótipos que testem soluções para problemas reais (educação, governação, tecnologia pública).
- Repositórios de código e boas práticas: exemplos de qualidade técnica, segurança e documentação — porque ética também se compila.
- Manifestos de cidadania responsável: contra a mediocridade institucional, por uma democracia aberta e direta, com decisões transparentes e auditáveis.
Carta a um jovem (de qualquer idade)
O mundo tem pressa para te distrair. Não lho permitas. Aprende uma coisa difícil por semana.
Faz perguntas que façam suar quem se esconde atrás de cargos. Se te disserem que “não dá”, mede, testa, itera — e prova que dá.
Se errares, assume; se acertares, partilha. Nunca adores chefes, nem te prostres a ideologias: serve a verdade, serve o bem comum.
Quando custar, lembra-te: excelência é hábito, não aplauso. E liberdade é disciplina, não slogan.
O resto é ruído — e tu nasceste para música.
Cinco compromissos que deixo escrito
- Continuar a publicar e tornar gratuito tudo o que puder — para que circule sem pedágios.
- Documentar métodos e exercícios replicáveis — para que a excelência seja processo, não mito.
- Explicar tecnologia em língua clara — porque cidadania digital é alfabetização do século XXI.
- Exigir mérito na praça pública — elogiar quem faz, confrontar quem atrapalha.
- Mentorar à vista — partilhar caminhos, atalhos e cautelas, sem culto de autor.
Chamamento final
Se o presente não nos serve, forjamos o futuro. Se a História não nos contempla, escrevemo-la nós. Se nos tentam calar… respondemos com estilo.
O meu legado aspira a ser simples: ferramentas para a liberdade e exemplos de integridade.
Se um jovem — ou um velho jovem — pegar nisto e fizer melhor do que eu, missão cumprida.
Vivi sem atalhos: medir antes de prometer, corrigir antes de exibir. O meu legado não são bustos — são ferramentas. Deixo páginas que acendem, métodos que funcionam, código que compila e uma bússola ética para dias difíceis. Se amanhã um jovem usar isto para construir melhor, refutar-me e seguir mais longe, missão cumprida. Não peças licença: vê, mede, melhora. E acende outro farol.
Artigo autoria de ✒️Francisco Gonçalves
📖💫 Fragmentos do Caos

