Gerações Perdidas entre Hashtags e Emoções

As novas gerações foram educadas a acreditar que sentir é pensar,
que indignar-se é agir, que mudar a fotografia de perfil é transformar o mundo.
O problema é que a espuma das causas instantâneas não substitui a densidade do pensamento.

Causas Sem Raiz

Cada semana traz uma bandeira nova: salvar o planeta, derrubar sistemas, reinventar a moral —
sempre com urgência absoluta e certezas inabaláveis.
Mas poucas dessas causas sobrevivem ao ciclo das redes sociais.
São movimentos sem raiz, slogans sem estudo, indignações sem profundidade.

A Ditadura da Emoção

Vivemos a era em que a emoção governa.
O debate cedeu lugar ao grito; a razão foi substituída pelo “sinto logo existo”.
E quando a emoção é o único critério, a manipulação torna-se inevitável:
basta um vídeo viral, um discurso inflamado, uma fotografia chocante — e lá vai a juventude em nova cruzada digital.

O Preço da Superfície

A incapacidade de pensar criticamente tem um preço alto:
jovens preparados para defender qualquer causa, mas incapazes de construir uma ideia própria.
É a geração do vento nas velas sem mapa na mão.
Muito movimento, pouca direção.

Um Apelo à Profundidade

Não se trata de negar o entusiasmo da juventude.
Trata-se de lhe devolver ferramentas para pensar: filosofia, lógica, ciência, história.
Porque sem raízes intelectuais, qualquer vento arrasta; e sem bússola crítica, qualquer voz se torna guia.

O futuro precisa de gerações que saibam distinguir gritos de argumentos,
hashtags de valores, emoções de ideias.
Só assim deixarão de estar perdidas em causas sem sentido —
e começarão a construir o sentido que ainda falta ao nosso tempo.