Democracia e Sociedade

O projecto Amália: a IA portuguesa

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A Montanha de Montenegro e o Rato do Amália

📌 Box de Factos:
– O LLM “Amália” tem 9 mil milhões de parâmetros — 20 vezes menos que o ChatGPT-4.
– Ficará restrito à administração pública, sem acesso aberto ao público.
– O nome evoca a maior voz portuguesa, mas o alcance será apenas ministerial.

Foi anunciado como um feito histórico, uma montanha tecnológica que iria projetar Portugal
para o futuro da inteligência artificial. Mas, ao descer o nevoeiro dos anúncios oficiais,
o que se revela é apenas um pequeno rato burocrático: o Amália, modelo de linguagem
com nove mil milhões de parâmetros, ficará fechado a sete chaves dentro da administração pública.

O contraste entre o nome e a realidade

A escolha de “Amália” não podia ser mais simbólica. A voz que levou Portugal ao mundo
dá nome a um projeto que, paradoxalmente, será trancado num corredor ministerial.
Em vez de ecoar para fora, ficará a cantar apenas para secretários de Estado e despachos carimbados.

O contraste é gritante: o nome evoca universalidade, mas a aplicação será local;
a voz de um povo inteiro transformada em sussurro administrativo.

Tecnologia de bolso

Com 9 mil milhões de parâmetros, o Amália é vinte vezes mais pequeno do que o ChatGPT-4.
Não é irrelevante, mas também não é disruptivo. É um projeto intermédio, a meio caminho
entre o laboratório académico e o protótipo experimental.
E no entanto foi anunciado como “supersónico nacional”.

É como prometer um avião de longo curso e entregar um drone de supermercado.

A velha síndrome nacional

Eis mais um exemplo da síndrome portuguesa: anunciar o Everest e oferecer a Serra da Carregueira.
O país vive de pequenas soluções embrulhadas em discursos épicos.
A montanha de Montenegro voltou a parir um rato, e este chama-se Amália.

Portugal precisava de uma voz para o mundo,
mas ficou com um eco abafado nos corredores da burocracia.

🌌 Fragmentos do Caos: BlogueEbooksCarrossel

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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