Corrupção,  Mediocridade,  Nepotismo

Porque falham tantos projetos em Portugal?

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📌 Facto em Destaque
Em Portugal, demasiados projetos são concebidos para impressionar relatórios e inaugurações — e não para criar valor sustentável.

Portugal é uma terra de talento e criatividade, mas também de promessas falhadas e de projetos que nunca chegam a cumprir o seu destino. Estradas inauguradas sem carros, sistemas informáticos que colapsam no primeiro dia, investimentos que desaparecem no silêncio dos relatórios. A pergunta é inevitável: porquê?

1. Planeamento frágil

Muitos projetos nascem de PowerPoints e não de estudos sérios. Custos subestimados, prazos irrealistas e objetivos mal definidos criam uma base instável. O entusiasmo inicial transforma-se rapidamente em frustração.

2. Gestão ineficaz e burocrática

A escolha dos responsáveis obedece mais a lealdades políticas ou pessoais do que à competência técnica. Junta-se uma burocracia sufocante, que trava decisões e consome energia em relatórios, em vez de soluções.

3. Falta de visão de longo prazo

O calendário eleitoral e a ânsia de resultados imediatos ditam o rumo. Projetos que exigem 10 ou 15 anos de maturação são descartados — não dão votos. O curto-prazo mata a consistência.

4. Dependência de fundos europeus

Quantas vezes vemos projetos nascer apenas porque “há dinheiro disponível”? Mas quando a torneira fecha, o projeto morre. Sem raízes próprias, não resiste à seca.

5. Cultura de conformismo

Inovar é arriscado e o erro é punido. Assim, opta-se pelo caminho medíocre e previsível. O medo de falhar impede a ousadia de criar algo verdadeiramente transformador.

6. Ausência de accountability

Quem avalia os resultados? Quem assume o fracasso? A maioria dos projetos termina com relatórios triunfalistas, mesmo quando os efeitos são nulos. O silêncio cobre as falhas.

Consequências

A consequência é uma economia presa ao imediato, incapaz de criar valor duradouro. O país desperdiça talento, tempo e recursos. E os cidadãos, já descrentes, passam a olhar qualquer “grande projeto nacional” como mais uma encenação.

Um futuro possível

Portugal não está condenado a este ciclo. Com planeamento sério, equipas escolhidas por mérito, avaliação independente e cultura de inovação, poderíamos quebrar a sina. Mas para isso, é preciso algo que sempre faltou: coragem para mudar.

“Um projeto só é grande se sobreviver ao tempo e às pessoas que o iniciaram.”


Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos do Caos.

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Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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