
O Conformismo de Ser
Portugal é o ser que não ousa — vive na expectativa, mas raramente na decisão.
O ser que não ousa
Portugal é o ser que não ousa.
Não ousa existir plenamente, não ousa romper com a sombra do passado, não ousa arriscar o salto para a criação. Vive na expectativa, mas nunca na decisão.
Ousadia implica responsabilidade — e é aí que o ser português recua. Como se cada gesto de futuro fosse uma ameaça à zona de conforto da mediocridade. Prefere-se a mesquinhez segura ao risco do grande. Prefere-se a rotina sem dor à liberdade que exige coragem.
É a mesma lógica que governa a política: decisões adiadas, reformas travadas, sempre à espera de um consenso que nunca chega. Um teatro de prudência que não é prudência, mas medo. O país, como ser coletivo, tornou-se hesitação pura.
E esta hesitação é existencial.
Não é apenas política ou económica: é ontológica. O ser português teme o seu próprio abismo, o seu próprio poder criador. Sabe, no fundo, que poderia ser mais — mas evita sê-lo, como quem foge do peso da própria grandeza.
Ousadia seria afirmar-se como vanguarda, como criador, como dono de destino. Mas Portugal instala-se no quase, no “talvez”, no “um dia”. Um país adiado, que se protege atrás de desculpas e tradições, como se a inércia fosse uma virtude.
Assim, Portugal é o ser que não ousa — e, nessa recusa, encontra a sua mais trágica identidade: a de um povo que pressente a liberdade, mas prefere a prisão invisível do conformismo.
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