
Heranças e Tributos: O Fisco que Não Parte, Mas Exige a Parte
Como o Estado continua a punir os herdeiros por venderem o que ainda não é deles.
🏰 Uma herança medieval num país moderno só no nome
Portugal, 2025.
Ano da inteligência artificial, da app do SNS e das promessas do PRR.
Mas o Fisco ainda age como nos tempos da Ordem de Avis:
com lanças nas costas do contribuinte, cofres famintos e um entendimento da lei que faria corar os tribunais de D. Dinis.
Mais uma vez, o alvo são os herdeiros — cidadãos comuns que, por infortúnio ou destino, ficaram com um quinhão numa herança ainda por partilhar. Se um deles decide vender a sua parte (não um bem específico, mas sim a sua posição no processo), a Autoridade Tributária exige o pagamento de mais-valias.
Mesmo que não se saiba ao certo o que se está a vender. Mesmo que não se tenha herdado fisicamente nada.
⚖️ O Acórdão que não resolveu… porque o Fisco não quer
O Supremo Tribunal Administrativo (STA) já emitiu entendimento claro:
o que se vende neste tipo de situação não é um bem imóvel, mas sim um direito abstracto — uma expectativa de partilha.
Logo, não deveria ser tributado como se se tratasse da venda de uma casa, terreno ou prédio urbano.
Mas o Fisco?
Ignora.
Insiste na sua leitura conservadora.
Tributa.
E desafia os contribuintes a recorrerem… se tiverem tempo, meios e saúde mental.
🧠 Como funciona esta insanidade fiscal?
Imagina, caro leitor:
- O teu pai falece.
- Tu e os teus irmãos herdaram um conjunto de bens ainda não partilhados.
- Um deles, por razões de vida, decide vender a sua parte na herança — sem saber ao certo o que ela representa.
- O comprador assume o risco de partilhar mais tarde e descobrir o que vale a herança.
E o Estado?
Entra com uma cobrança de imposto sobre mais-valias, como se a pessoa estivesse a vender um bem determinado, com valor real e apurado.
💥 A consequência? Injustiça social, tributação abusiva, caos sucessório.
Este entendimento:
- Penaliza famílias, que se veem forçadas a pagar imposto sobre bens que nem sabem se vão receber.
- Complica a resolução de heranças, incentivando o congelamento de património.
- Desrespeita decisões judiciais superiores, num claro abuso de poder administrativo.
- E mostra mais uma vez que o Estado português prefere arrecadar a governar com justiça.
🧾 O país onde o testamento não basta — tem de vir com recibo
Enquanto isso, a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco, alerta:
“Os contribuintes que forem para tribunal têm boas hipóteses de vencer… mas têm de ir.”
Isto é revelador: o cidadão é culpado até provar o contrário — e para isso precisa de tempo, dinheiro e um advogado com fôlego.
📢 Conclusão: o Fisco não herda, mas trata a herança como sua
Portugal é o único país onde nem os mortos escapam à máquina fiscal — e os vivos, quando tentam resolver honestamente as heranças, são tratados como fraudadores em potência.
Epílogo:
“Na terra da saudade, até as memórias têm imposto.
Herda-se com dor, mas vende-se com multa.
Porque o Fisco não parte — mas exige a parte.”
Artigo de Augustus Veritas in Fragmentos de Caos
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