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🏦 Os Crápulas do Colarinho Branco e a Justiça de Algodão

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Artigo de Augustus Veritas

Como os herdeiros do BES esconderam milhões e a Justiça portuguesa fingiu não ver

“Em Portugal, há dois códigos penais: um para quem rouba pão, outro para quem devora bancos inteiros.”


💣 O Crime de Luva Branca

Ricardo Salgado, ex-“dono disto tudo”, não era apenas o rosto do Banco Espírito Santo — era o epicentro de uma teia financeira que atravessava continentes, lavava milhões e manipulava governos como se fossem extensões do seu império.

Em março de 2014, poucos meses antes do colapso do BES, Salgado transferiu cerca de 2 mil milhões de euros para a sua mulher e três filhos. Uma manobra preventiva, que mais parece um “fujam com o ouro, o navio vai ao fundo”. E foi.

Mas o que aconteceu a seguir? Nada. Ou melhor: muito pouco.


🧾 Um Saco Azul Cheio de Silêncios

O chamado “saco azul” — o fundo clandestino do GES — foi abastecido com dinheiro desviado, canalizado para contas offshore e usado para subornar, premiar lealdades e silenciar consciências. Estima-se que só esse esquema tenha custado ao Estado mais de 5 milhões de euros.

E ainda assim, a Justiça andou aos ziguezagues:

  • Investigou devagar
  • Deixou prescrever crimes
  • E quando finalmente condenou Ricardo Salgado…
    … a pena foi simbólica, convertida para prisão domiciliária, e agora suspensa por alegado Alzheimer.

Alzheimer selectivo, pelos vistos. Porque Salgado ainda se lembra onde guardou o dinheiro.


💼 O Governo, o Novo Banco e o Roubo Legalizado

Com o colapso do BES, nasce o Novo Banco, essa criatura mitológica financiada com o suor dos contribuintes.

Cerca de 4 mil milhões de euros foram injetados no sistema para “salvar o que restava”. Na prática, foi uma lavagem estatal de ativos tóxicos, em que o contribuinte passou a pagar a conta da má gestão, dos abusos e da ganância institucionalizada.

E o que faz a Justiça?

Assobia para o lado.
Concorda com perícias que atestam a “inaptidão mental” do réu.
Aceita que um banqueiro com milhões escondidos viva em casa, entre jardins e silêncio, enquanto famílias foram despejadas por dívidas de 2.000 euros.


⚖️ Conivência Judicial: a Grande Traição

Não se trata apenas de impunidade. Trata-se de colaboração estrutural.

Quantos juízes, procuradores, ou reguladores se levantaram a sério contra esta farsa?
Quantos perderam o emprego por omissão ou lentidão?
Quantos alertas do Banco de Portugal foram ignorados até ser tarde demais?

A resposta é: nenhum.

Portugal tornou-se perito em punir o pequeno infrator e proteger o colarinho branco com véus processuais, relatórios “inconclusivos” e penas adiadas até à eternidade.


🚨 O Perigo da Normalização

Cada vez que um Salgado escapa, o povo sente que o crime compensa — desde que seja bem vestido, tenha amigos influentes, e envie os milhões para o sítio certo.

É esta a tragédia silenciosa da democracia portuguesa:
Um sistema judicial que tolera o roubo em grande escala, desde que ele seja praticado com copo de vinho caro na mão e gravata de marca ao pescoço.


🧨 Conclusão: Justiça que Não Morde é Justiça Domesticada

Portugal não precisa de mais leis.
Precisa de coragem institucional.
De juízes com espinha.
De políticos que não dependam de bancos para as suas campanhas.
E de um povo que diga basta.

A história do BES, de Ricardo Salgado e dos seus herdeiros é apenas o exemplo mais escandaloso daquilo que se tornou sistémico.

Enquanto isso, lá vai o ex-banqueiro milionário, esquecido seletivamente…
… e a Justiça portuguesa, lembrando-se apenas de castigar os fracos.


“Quando o sistema protege os poderosos e persegue os pobres, o nome disso não é Justiça — é farsa institucionalizada.”


Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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