
🇺🇸 Quando a Superpotência Abandona a Razão: A Deriva Totalitária de Donald Trump
Francisco Gonçalves | Junho de 2025
Durante décadas, os Estados Unidos da América foram vistos como bastião da democracia liberal, defensor das liberdades fundamentais e árbitro da ordem mundial. Mas essa imagem tem vindo a desintegrar-se com a emergência de Donald Trump como figura dominante no tabuleiro político americano — não apenas como presidente, mas como símbolo de uma mutação perigosa: a metamorfose de uma república em palco de culto pessoal, alimentado pelo ressentimento, pela desinformação e pelo nacionalismo tóxico.
A Autocracia Ensaia-se no Coração da Democracia
Trump não governa com base em instituições: governa com base em impulsos. Despreza a Constituição, desacredita a justiça quando não o favorece, insulta os media e ameaça adversários com retaliações públicas. A política transforma-se em reality show de vingança pessoal. Mas o mais grave? Milhões o aplaudem como “salvador”.
O Mundo em Alerta
A comunidade internacional assiste, atónita, a uma América que se afasta da diplomacia, abandona tratados, desvaloriza aliados e ameaça os seus próprios pilares internos. O multilateralismo é trocado por chantagens; a cooperação internacional, por isolamento agressivo.
A Europa, por exemplo, volta a ser tratada como cliente submisso da máquina de guerra americana, com exigências humilhantes de gastos em armamento — comprados, claro, aos EUA. Trump transforma a NATO num balcão de negócios e desrespeita os fundamentos da aliança: a confiança mútua e a solidariedade democrática.
A Deriva Interna
Internamente, o trumpismo é uma erosão contínua dos freios e contrapesos da democracia. Reescreve-se a história. Promove-se o negacionismo. Armam-se cidadãos. Banaliza-se o ódio. E no meio de tudo, uma elite silenciosa lucra, enquanto o povo, anestesiado por slogans vazios, se afasta da realidade.
As Consequências para o Mundo
Um Estados Unidos desacreditado e imprevisível deixa um vácuo perigoso. Rússia, China e outros regimes autocráticos avançam, ocupando o espaço que os EUA deixaram vazio. O equilíbrio multipolar transforma-se numa guerra de esferas de influência, sem árbitros confiáveis. A ordem internacional torna-se um jogo de sobrevivência.
Conclusão: O Grito da Lucidez
A democracia americana está em perigo — e com ela, a esperança de um mundo mais estável e justo. Trump não é um acidente da história. É o sintoma de uma doença que se alastra: a tentação pelo autoritarismo em tempos de incerteza.
Mas a história ensina-nos que nem os impérios nem os tiranos duram para sempre. A lucidez, a razão e a coragem cívica são as únicas armas que restam. Que as usemos enquanto ainda temos voz, enquanto ainda temos escolha.

