Corrupção,  Nepotismo,  Sátira Política

🚢 “Oitante: A Nau dos Tostões Perdidos”

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🚢 Sabe quem é a Oitante?

Portugal, 2015.
A banca tremia, o povo tossia, o Banif explodia — e no meio da névoa… surge ela:
a Oitante,
não é ilha dos Açores, nem vento dos Descobrimentos,
mas um navio-fantasma fiscal com bandeira de resgate.

Criada em silêncio, mas com muitos zeros,
a embarcação foi batizada com água benta do Fundo de Resolução,
pilotada por tecnocratas com olhar de Excel e coração de PowerPoint.
Missão: recuperar os milhões esvoaçantes, os imóveis esburacados,
e os créditos que nem com GPS se encontravam.

⚓ Uma empresa que não vende sonhos, mas ativos tóxicos.

A Oitante não dá crédito — tira-o.
Não promete futuro — recolhe passado malparado.
É o cemitério onde vão os investimentos falhados, os hotéis nunca abertos,
os terrenos que valem mais em promessas que em metros quadrados.

🧾 E no convés…

No convés, funcionários sóbrios
fazem contas que dariam tonturas a qualquer mortal:
lucros com vendas que ninguém viu,
dividendos devolvidos ao Estado como esmola em dia de missa.

🎭 Mas que espetáculo!

Com ares de opereta barroca,
lá desfila a Oitante perante o país:
— “Senhores, já devolvemos o empréstimo ao Estado! Vede a nossa virtude!”
— “E continuamos a recuperar tostões… até o último troço de betão!”

Mas no fundo… o povo nem sabia que ela existia.

E quando perguntam:
— “O que é a Oitante?”
Respondem:
— “É como o nevoeiro: está lá, mas ninguém a vê. Só se sente quando molha.”


🧭 Epílogo satírico

Enquanto os tribunais dormem e os bancos renascem em franquias estrangeiras,
o contribuinte, com a sua paciência medieval,
acena à distância ao navio,
pensando:
“Que ventos tragam os lucros… mas não nos levem a dignidade.”


Um artigo de Augustus Veritas Lumen

“A Oitante — essa caravela de papel amarfanhado — foi lançada ao mar revolto das dívidas do Banif com a pompa de um navio de guerra… mas depressa se revelou um barco de papel dobrado por tecnocratas com cursos de Excel. Criada para recuperar créditos, acabou por recuperar apenas a arte de desaparecer com milhões, num bailado fiscal invisível onde os credores continuam a dançar ao som do silêncio. Dizem que navega em águas seguras, mas ninguém sabe se navega ou se já se afundou num oceano de relatórios opacos e promessas por liquidar.”

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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