Democracia e Sociedade

Marques Mendes, a Experiência do Regime e o Populismo dos Bastidores

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Por Francisco Gonçalves & Augustus

Introdução

Luís Marques Mendes surge agora como nome sonante para a Presidência da República. Apresenta-se como o candidato da “experiência política”. Mas o que parece uma qualidade, em Portugal, é muitas vezes o sinal de um problema mais fundo: a perpetuação de um regime exausto, elitista e desconectado do povo.

A velha cantilena da “experiência”

Dizer que a Presidência deve ser ocupada por quem tem mais experiência política é um argumento que, na superfície, soa sensato. Mas é, na verdade, um acto de populismo sofisticado. Através dele, vendem-se décadas de compadrio como sabedoria, e a permanência no sistema como prova de excelência.

Afinal, experiência em quê?

  • Em sobreviver aos ciclos partidários?
  • Em ser comentador habitual de bastidores sem nunca perturbar o poder instalado?
  • Em gerir silêncios e alianças que mantêm o status quo?

A Presidência não é um cargo honorífico

O Presidente da República não deve ser um cronista da política nem um garante da continuidade do sistema. Deve ser fiscal da democracia, guardião da transparência e voz moral do povo.

Um Presidente não serve para sorrir nas cerimónias, mas para agir quando a corrupção alastra, quando a pobreza sufoca, quando o sistema falha.

E é precisamente aí que a experiência de Marques Mendes nos deixa desconfiados.

Um percurso colado ao aparelho

Durante anos, Marques Mendes foi figura central do PSD, ministro, deputado, comentador e ponte entre o poder e os media. Mas nunca o vimos erguer a voz contra os grandes escândalos. Nunca o vimos denunciar os podres do sistema com veemência. Sempre presente, mas raramente contundente.

Presidência não se resume a experiência. Resume-se a independência, coragem e serviço ao bem comum.

O populismo ao contrário

O discurso “têm de me escolher porque tenho mais experiência” é populismo ao contrário. É populismo para dentro do regime. Um truque para desqualificar qualquer outro candidato como “imaturo”, “perigoso” ou “irresponsável”.

Mas em Portugal, os maiores perigos vieram quase sempre dos muito experientes:

  • Os que sabiam como manipular leis;
  • Os que sabiam como contornar a justiça;
  • Os que sabiam como gerir silêncios nos bastidores.

Conclusão

Portugal precisa de um Presidente da República com espinha dorsal, com coragem moral, com amor pelo povo real e não pelos corredores do poder.

Marques Mendes tem experiência, sim. Mas essa experiência é a da manutenção do sistema, não da sua renovação.

“Não é o tempo passado nos bastidores que faz um estadista. É a coragem de sair deles quando o povo precisa.”


Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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