Democracia e Sociedade

Portugal: A Nação que Sobrevive sem Estratégia

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Portugal tem sol, mar e saudade. Mas falta-lhe aquilo que verdadeiramente sustenta um país moderno: pensamento estratégico.

Vivemos à vista curta, ao sabor do improviso, a navegar entre crises — como se o futuro fosse sempre uma surpresa.


1. A Cultura do Remendo

O país funciona como um carro velho: quando o motor falha, troca-se a correia. Quando os travões falham, mete-se óleo. Nunca se faz a revisão completa, nunca se olha o mapa. Vai-se andando.

A falta de visão estratégica é endémica:

  • Não se planeia a economia para 10 anos.
  • Não se investe a sério em ciência e tecnologia.
  • Não se pensa o sistema educativo como motor de transformação.
  • Não se discute o futuro da indústria, da energia, da justiça.

2. Porquê este vício de curto prazo?

  • Porque os políticos vivem de ciclos eleitorais.
  • Porque os empresários vivem com medo do mês seguinte.
  • Porque o Estado vive atolado na burocracia e no “cumprir calendário”.

E quem pensa diferente? É visto como excêntrico.
Quem propõe uma reforma de fundo? É ignorado até que seja tarde demais.


3. O Custo do Não Pensar

Falta de estratégia custa caro:

  • Perde-se talento (que emigra).
  • Falham-se oportunidades (que outros países aproveitam).
  • Cria-se pobreza estrutural.
  • Mantém-se o país sempre “quase a arrancar”, mas eternamente no ponto morto.

“Não planeamos o futuro — e depois culpamos o presente.”


4. Inovação é Palavra Proibida

A maioria das empresas tem medo de inovar.
Preferem o seguro, o conhecido, o rotineiro.
A administração pública, essa, trava qualquer mudança com regulamentos do século passado.

Portugal torna-se um país que não arrisca. E quem não arrisca, repete.
E quem repete, estagna.


5. Uma Luz ao Fundo do Túnel?

Sim, ela existe. Está nas mentes inquietas.
Nos jovens que não aceitam a mediocridade.
Nos cidadãos que se organizam fora dos partidos.
Nos pensadores, nos criadores, nos que ainda têm coragem para propor um país diferente.

Mas falta-lhes espaço. Falta-lhes voz. Falta-lhes quem os ouça.


Conclusão

Portugal sobreviverá mais uns anos sem estratégia.
Mas jamais prosperará assim.

Pensar a longo prazo não é luxo — é necessidade.
E o futuro começa com quem hoje se atreve a pensar contra a corrente.

“Uma nação que não pensa o seu futuro, será pensada por outros.”

Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

Imagem cortesia de OpenAI (c)

✒ Porque razão escrevo e publico livremente?

Porque acredito que o pensamento deve ser partilhado, não aprisionado.
Escrevo para despertar, não para agradar.
Publico livremente porque o saber é um direito, não um produto.

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Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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