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📚 Masculinidade em Suspenso: Entre a Reinvenção e o Esvaziamento do Ser

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No tempo em que os homens eram apenas homens — com falhas, virtudes e cicatrizes —
não precisavam de manuais para existir.
Hoje, no entanto, dizem-lhes que precisam de se reinventar.
Que são, à nascença, portadores de culpa.
Que a masculinidade é um fardo a ser revisto, desfeito, recodificado.

No livro “A Reinvenção da Masculinidade: Homens e Feminismo”, Josep M. Armengol parte da premissa de que a confusão atual dos jovens quanto ao seu papel masculino é compreensível — e propõe o estudo das “masculinidades” como remédio.

Mas eu pergunto:
E se, ao querer corrigir os excessos do passado, estivermos a criar uma geração de homens amputados de si mesmos?


🔎 O risco do pêndulo

Sim, durante séculos o masculino foi sinónimo de dominação, força bruta e silenciamento da emoção.
Mas hoje, o pêndulo oscila violentamente para o outro extremo.
Não basta corrigir os erros do machismo: é preciso evitar a armadilha do homem-culpado-existencial
aquele que já não sabe se pode amar, proteger, ser firme, tomar a dianteira sem ser acusado de opressão.

Transformou-se o homem num projeto inacabado em constante reprogramação ideológica.
Criou-se um novo dogma: o homem só será bom se desconstruir tudo o que o fazia ser homem.


🧭 Nem macho alfa, nem sombra envergonhada

O que propomos, então?
Uma nova masculinidade?
Talvez.
Mas não uma que imite, apague ou caricature o masculino.
Uma que incorpore firmeza com ternura, proteção com escuta, coragem com vulnerabilidade.
Não se trata de substituir o homem antigo por um novo robô com chip feminista.
Trata-se de redescobrir o ser humano que existe por baixo da armadura — sem destruir a sua essência.


📖 A educação do carácter

Querem reinventar o homem?
Ensinem-no a ler Dostoiévski, Rilke, Camus, Sophia.
Mostrem-lhe que ser homem não é dominar, mas dominar-se.
Não é silenciar as emoções, mas aprender a nomeá-las com verdade.
Não é competir com a mulher, mas caminhar ao lado dela com respeito, mistério e encanto.


✍️ Reflexão de Francisco Gonçalves

Homem inteiro — com defeitos, histórias, valores e perguntas.
Sem medo de amar… nem de pensar.


Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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