
🏦 O Banco, a Sede e o Abismo
Crónica de um negócio que cheira a cimento fresco… e a podridão antiga
Diz o Observador que o Banco de Portugal comprometeu-se com uma sede nova, brilhante, mas assente em “red flags” de alto risco — contratos promissórios sobre edifícios ainda “em tosco”, com um custo que já vai em 191,99 milhões, podendo chegar aos 280 milhões de euros. E isto… ainda antes de ligar o ar condicionado.
O mais caricato?
Assinaram logo de início um sinal de 57,5 milhões. Como quem diz: “Já que estamos a brincar aos milhões, que se note bem!”
E a quem pertence esta obra? A quem serve?
Aos portugueses, dizem eles.
Mas os portugueses continuam:
- Sem casa,
- Sem banco que os entenda,
- Sem confiança em quem deveria guardar os seus bens — não multiplicá-los em obra faraónica.
📉 Reflexão sem anestesia:
No meio de uma crise de habitação, com famílias a viver em quartos arrendados a peso de ouro e bancos a sugar juros como se fosse 2008 todos os dias… o banco central decide presentear-se com um palácio novo.
É a Síndrome do Edifício Novo:
Quando não se consegue mudar o sistema, muda-se o imóvel.
Pinta-se a fachada enquanto a ética ruía há muito.
Num país decente, quem falha com o povo é responsabilizado. Em Portugal… é promovido, decorado e, por vezes, eleito.
Aqui, os cargos não exigem prestação de contas — apenas fidelidade ao silêncio cúmplice.
Fazem negócios obscuros com dinheiro público e depois dizem:
“É legal.”
Mas esquecem o essencial:
Nem tudo o que é legal é justo. Nem tudo o que é permitido é moral.
E o mais trágico?
É que a responsabilidade evaporou-se.
Transformou-se numa abstração, num eco longínquo.
Hoje, quem denuncia é ridicularizado.
Quem exige respostas é acusado de populismo.
Quem cala e pactua… é convidado para comissões de honra.
Estamos num país onde o povo é sempre culpado de tudo —
menos de ser demasiado tolerante com esta gente.
E isso… é a nossa única verdadeira falha.
✍️ Reflexão de Francisco Gonçalves
Cidadão que já viu este filme… e sabe como acaba: com o povo a pagar bilhete e os culpados na primeira fila, de gravata.

