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🇵🇹 Portugal: 50 Anos Depois, Ainda o Silêncio – O que fomos e que fizemos!

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“A liberdade chegou, mas a cidadania nunca veio. A escola abriu-se, mas o pensamento ficou à porta.”

Falo com jovens e com velhos, todos os dias.
Com aqueles que viveram sob a cartilha da 4.ª classe salazarista, e com os que hoje empunham diplomas de universidades modernas, mestrados reluzentes, até doutoramentos que soam a conquistas.
Mas em todos, mesmo nos mais formados, vejo um vazio que me persegue desde os meus 15 anos de liceu em 1971: ninguém quer saber de política. E cidadania… é uma palavra que nem lhes ocorre.


📚 Uma escola que ensina tudo, menos a pensar

A escola mudou, sim. Multiplicaram-se os anos obrigatórios, os exames, as avaliações.
Mas na essência… o que mudou?

  • O jovem decora o teorema, mas não sabe quem o governa.
  • A jovem sabe de mitocôndrias, mas não sabe para que serve um deputado.
  • Ambos saem da escola sabendo fazer um relatório em PowerPoint, mas sem nunca terem feito uma pergunta incómoda sobre o país onde vivem.

Não é culpa deles.
É culpa de um sistema educativo domesticado, que nunca quis criar cidadãos — quis apenas criar empregados e eleitores obedientes.


📺 A anestesia da opinião pública

A televisão ensinou-os a entreter-se.
As redes sociais ensinaram-nos a reagir — mas não a refletir.
Os partidos ensinaram-nos a desconfiar da política — mas nunca a disputá-la.

Portugal tornou-se o país onde se diz:

“Política? Não me meto nisso…”
Como se política fosse um pântano de outros, e não o terreno da nossa vida partilhada.


🧠 12 ou 17 anos a estudar… para quê?

E pergunto-me: o que estudaram durante 12, 17 anos?
Que competências reais adquiriram?

Não sabem ler um orçamento.
Não conhecem os direitos que a Constituição lhes dá.
Não sabem como funciona uma Câmara Municipal, nem o que é o Tribunal Constitucional.
Muitos nunca leram um livro de História portuguesa depois da escolaridade obrigatória.

O saber parece crescer — mas sem raiz nem rumo.
E isso deixa-me, confesso, perdido e sem esperança.


🔁 O ciclo que não se quebrou

Nos meus 15-17 anos, em plena ditadura, já me doía ver a apatia dos adultos à minha volta.
Hoje, 50 anos depois, com democracia, Internet, universidades públicas e programas de cidadania nos currículos, sinto a mesma apatia — ou pior, a anestesia.

A pergunta ecoa:

“O que fizemos com a liberdade?”


✊ A esperança é uma teimosia

E mesmo assim, mesmo neste deserto, escrevo.
Porque talvez estas palavras cheguem a alguém que ainda não adormeceu.
A alguém que, como eu, se lembra que a cidadania não é uma disciplina — é uma atitude.
Que democracia não é votar de quatro em quatro anos — é participar todos os dias.


🌱 Uma convocatória ao despertar

Portugal não pode esperar mais.
Temos de ensinar a pensar, a debater, a duvidar.
Temos de fazer das escolas laboratórios de cidadania, não só de exames.

Temos de formar mentes inquietas, que não aceitem o país da corrupção, da dependência, do conformismo.
E isso começa com cada um de nós.
Com a pergunta que já me atormentava em 1972 — e que hoje grito mais alto:

“Como é possível viver num país e não querer saber quem manda nele?”


Uma Reflexão de Francisco Gonçalves, apenas mais um Cidadão atento e profundamente comprometido com o futuro do seu país.

ilustro esta minha reflexão sob a forma musical na voz de José Jorge Letria – Quem Nos Viu E Quem Nos Vê

E aproveite para partilhar, reflectir, ler e intervir civicamente, porque Portugal precisa com urgencia, de si.

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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