
🇵🇹 Portugal 2027: O Dia em que a Esmola Acabou
Por Francisco Gonçalves
Chegou o dia.
O ano é 2027.
O último pacote de fundos europeus foi transferido.
O último cêntimo da bazuca caiu.
E com ele, desabou a ilusão.
Portugal ficou nu.
Sem maquilhagem. Sem cortinas.
Sem os milhões que alimentavam os vícios, os compadrios e as obras de cosmética para mostrar à Europa que “aqui também se progride”.
Mas progride-se onde, senhores?
– Nos contratos adjudicados aos amigos?
– Nos gabinetes cheios de “assessores” de partido?
– Nos milhões evaporados em “formações” de utilidade zero?
– Nas rotundas onde floresce o cimento mas não há pão?
Durante décadas, Portugal viveu da esmola europeia como um viciado que troca a liberdade pela dose. E em vez de usar os fundos para se levantar, usou-os para continuar de joelhos.
Os municípios tornaram-se máquinas de sugar dinheiro.
Cada câmara um feudo, cada presidente um senhor do alcatrão.
Nepotismo, corrupção, tráfico de influências — tudo embrulhado num laço de “progresso”.
Mas a verdade é que os municípios não desenvolveram territórios — desenvolveram redes.
E a Justiça?
A Justiça foi ver a tourada, comeu pipocas, e acenou à audiência.
O julgamento de José Sócrates é o monumento à rendição institucional.
Um processo que deveria ser exemplar, e que se tornou um aviso a todos os corruptos: “não tenham medo, que aqui ninguém vos toca.”
Uma Justiça que hesita perante os poderosos, mas não hesita em desalojar pobres.
Uma Justiça que persegue quem denuncia, mas protege quem corrompe.
E agora?
Agora, em 2027, o castelo de cartas ruiu.
Os municípios estão falidos.
O Estado, endividado.
As empresas públicas, sem colchão.
A máquina partidária, desorientada sem os seus contratos gordos.
E o povo?
O povo, esse, acorda para uma nova realidade:
a realidade de um país que nunca se preparou para viver de si mesmo.
A agricultura está moribunda.
A indústria foi desmantelada.
A ciência é desprezada.
Os jovens já partiram.
Os velhos morrem nas urgências,
e os trabalhadores vivem com salários de miséria em casas sobrelotadas.
A pergunta não é “o que será de Portugal”.
A pergunta é: “o que faremos nós quando a ilusão acabar?”
Porque uma coisa é certa:
– O país das rotundas não resiste sem gasolina europeia.
– O país dos compadrios não sabe viver sem fundos.
– O país dos corruptos não sobrevive quando o pote está vazio.
Talvez, no vazio, surja a oportunidade.
De refundar. De reerguer. De limpar.
Mas só se o povo acordar.
Só se disser basta.
Só se recusar a ser mais uma peça nesta farsa institucional.
Portugal não precisa de mais milhões.
Portugal precisa de visão, justiça, ética e coragem.
Ou continuaremos a ser o país onde os fundos secam…
… e os corruptos nadam.
“Feliz, feliz foi o Alibaba que só conheceu 40 ladrões “

