
República dos Trambolhos: Elegia Satírica ao Estado da Nação
Em Portugal, esse jardim à beira do colapso plantado, já não se governa — remenda-se. O país, qual buraco com fronteiras, vai sendo conduzido por uma procissão de incompetentes ilustrados, com diplomas tirados à noite e ideias que nasceram mortas.
A nossa democracia? Um teatro de revista, onde os partidos entram em cena mascarados de esperança e saem pela porta dos fundos com as algibeiras pesadas.
Ministério da Confusão
Temos um Ministério da Saúde onde se morre à espera, um Ministério da Educação que forma analfabetos funcionais com mestrado, e um Ministério da Justiça que se move ao ritmo de caracol asmático em greve. Tudo supervisionado por um Parlamento que mais parece um jardim zoológico sem jaulas.
“Há tanto burro a mandar, que os inteligentes emigram.”
A Corrupção: Hino Nacional Alternativo
Por todo o território, os concursos são viciados, os cargos encomendados, e as obras adjudicadas a primos, sobrinhos e compadres. A corrupção já nem se esconde — tem escritório, assessores e motorista. Os tribunais, por sua vez, servem chá aos arguidos enquanto esperam que a prescrição faça o seu trabalho patriótico.
Verso Caustico:
Portugal, meu querido estendal de trapalhadas,
Onde o sol brilha sobre avenças e esmolas caladas,
Terra de génios exilados e idiotas promovidos,
Onde a verdade é opcional e os factos são omitidos.
Governo do Faz-de-Conta
Governam com PowerPoint, discursos plastificados e promessas recicladas. A política externa resume-se a sorrir para Bruxelas enquanto se varre a miséria para debaixo do tapete. Internamente, o povo sobrevive entre impostos, filas e telenovelas.
“Portugal tem futuro… mas está sempre adiado.”
Conclusão (ou epitáfio?)
Esta terra de poetas transformou-se numa República de Trambolhos, onde o talento é castigo, a honestidade é ingénua e o mérito é clandestino. Mas há quem ainda escreva, lute e sonhe — mesmo entre os escombros do conformismo.
Artigo de Augusto Veritas
A sátira é a última trincheira da verdade.

