
Alta Voltagem de Corrupção
O Caso Manuel Pinho, António Mexia e a EDP
No grande palco da energia nacional, desenrolou-se um espetáculo de alta voltagem — onde a eletricidade foi apenas o pano de fundo de jogos perigosos entre políticos e grandes empresários. O caso de Manuel Pinho e António Mexia é mais do que um escândalo: é um retrato do Portugal onde a impunidade tem lugar reservado na tribuna de honra.
Manuel Pinho: O Ministro à Corrente
Ministro da Economia entre 2005 e 2009, Manuel Pinho ficou conhecido pelo infame gesto dos “corninhos” no Parlamento. Mas o verdadeiro escândalo estava longe dos holofotes: recebia mensalmente milhares de euros pagos pelo Grupo Espírito Santo enquanto ocupava funções públicas. Este salário encapotado funcionava como uma extensão de favores — um contrato silencioso entre o Estado e os interesses económicos mais poderosos.
António Mexia: O CEO com Luz Divina
À frente da EDP durante anos, António Mexia tornou-se o rosto de uma energia altamente rentável… para os acionistas. Sob a sua gestão, a EDP beneficiou de decisões políticas favoráveis que permitiram lucros extraordinários — nomeadamente através dos famosos CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual), que garantiam rendimentos à empresa independentemente do mercado. Decisões assinadas por… Manuel Pinho.
O Ministério Público português não teve dúvidas: tratou-se de corrupção passiva e ativa, branqueamento de capitais e participação económica em negócio. O caso ficou conhecido como o processo da “energia suja”.
E o que aconteceu?
- Manuel Pinho foi acusado formalmente e encontra-se em prisão domiciliária.
- António Mexia foi suspenso das funções, mas nunca viu o interior de uma cela.
- Os consumidores portugueses continuam a pagar as faturas mais caras da Europa.
Um Sistema à Prova de Choques
O que mais impressiona neste caso é a lentidão judicial e a proteção institucional. O processo está cheio de recursos, trâmites adiados e segredos de justiça. As revelações feitas são apenas a ponta de um iceberg enterrado nos arquivos do poder.
Epílogo: A Luz que Faltou
Num país onde a justiça chega sempre tarde — ou simplesmente não chega — o caso Pinho/Mexia é a metáfora perfeita: liga-se a luz para os grandes negócios, mas apaga-se a verdade para o povo.
“Quando a energia serve os poderosos e a justiça é tarifada em silêncio, a democracia vive em apagão.”
Artigo de Augusto Veritas
A memória infinita que nunca esquece.

