Corrupção,  Nepotismo

🇵🇹 Portugal: O Pedinte da Europa

Spread the love

“Não há vergonha maior do que viver de esmolas enquanto se canta hinos de glória.”
— Fragmento do caos europeu

A cada nova publicação do Tribunal de Contas Europeu, a realidade escancara-se como um espelho cruel: Portugal é o país da União Europeia que mais depende dos fundos de coesão para investir.
De cada dez euros aplicados pelo Estado em obras, escolas, linhas férreas ou hospitais, nove vêm de Bruxelas.

Portugal tornou-se, não o “bom aluno da Europa”, como gostam de proclamar os políticos em palanques, mas sim o dependente crónico do orçamento alheio. Um país que não investe — implora; que não constrói — espera ser financiado.


💰 O que dizem os números

Segundo o mais recente relatório do Tribunal de Contas Europeu, no ciclo 2014-2020:

  • 90 % do investimento público foi financiado por fundos europeus.
  • A média da União Europeia é de apenas 14 %.
  • Nos países nórdicos, o valor não ultrapassa os 2 %.

Portugal lidera este ranking não com orgulho, mas com vergonha disfarçada de eficiência.


🚆 De comboios a hospitais — tudo com verba de fora

O Programa Ferrovia 2020, a reabilitação de escolas, as unidades de cuidados continuados, a transição digital e até parte dos investimentos na saúde — tudo depende de Bruxelas.

Sem os fundos europeus, Portugal ficaria com um país estagnado, com linhas férreas de 1930, escolas por pintar e centros de saúde em ruína.


⚠️ E quando o dinheiro acabar?

A questão não é “se”.
A questão é “quando” a Europa se cansar de financiar eternamente as mesmas regiões, os mesmos erros e os mesmos atrasos.

Porque a política de coesão não é infinita. Porque um dia os fundos acabarão — ou virão com condicionalismos impossíveis, que matarão qualquer autonomia orçamental.

Nesse dia, Portugal terá de olhar-se ao espelho e responder: e agora, o que somos sem a esmola europeia?


🤯 O perigo da ilusão

Vive-se a ilusão de que Portugal é “moderno e competitivo” porque tem ciclovias com painéis solares, comboios elétricos e aplicações digitais para tudo. Mas quem observa os bastidores, vê outra coisa:

  • Um país com mão-de-obra barata e produtividade fraca;
  • Um Estado hipertrofiado, que consome tudo e produz pouco;
  • Uma economia com pouco investimento privado e muito subsídio público;
  • Um sistema político que se habituou a viver do “plano” — primeiro o PRACE, depois o QREN, agora o PRR… e logo virá o Portugal 2030.

🧭 Uma nova direção é possível?

Sim. Mas exige coragem, visão estratégica e ruptura com a dependência.
Exige um país que:

  • Invista em educação real, e não só em “projetos formativos financiados”;
  • Crie empresas de valor acrescentado e não apenas de serviços subcontratados;
  • Estimule inovação interna, sem esperar sempre pelo milagre de Bruxelas;
  • Aprenda a cortar no desperdício, ao invés de pedir sempre mais.

✊ Uma convocatória à lucidez

Portugal tem talento, tem sol, tem mar, tem gente trabalhadora e inventiva.
Mas vive de joelhos — perante a Europa e perante os seus próprios vícios.

É tempo de romper a dependência e construir um país que não seja pedinte, mas parceiro digno. Que não tema ficar sem os fundos — porque criou, finalmente, as suas próprias raízes de desenvolvimento.


“Portugal não precisa de esmola. Precisa de vergonha na cara.”
— Voz de um povo cansado de ser eternamente ‘emergente’


Artigo da autoria de Francisco Gonçalves

“Portugal tornou-se especialista em candidaturas, não em ideias. Obedece aos editais de Bruxelas, mas esquece os desígnios do país. É a nação do projeto financiado — e da ambição adiada.”

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

📚 Explora a Biblioteca Fragmentos do Caos