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As Aventuras de Spinumviva: O Negócio da Transparência Opaca
Crónica satírica com selo nacional e rasto de névoa Diz o povo que quem não deve não teme. Mas no reino dos negócios de família, essa máxima é apenas decorativa — uma espécie de rendilhado moral para pendurar na parede da sala ao lado da certidão de constituição de uma empresa “ativa mas discreta”. Eis que surge a nossa protagonista: Spinumviva, um nome que evoca juventude, vigor… e o misterioso poder de existir sem que ninguém saiba ao certo o que faz. Segundo consta, o senhor primeiro-ministro — que, por pudor ou por estratégia, delegou o negócio nos filhos — viu-se agora incomodado com perguntas inoportunas da Entidade da Transparência.…
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Soluções Inteligentes para Análise de Logs de Web Server
A análise de logs de servidores web é uma prática essencial para empresas que pretendem proteger os seus recursos digitais, compreender o comportamento dos utilizadores e otimizar a experiência online. Com ferramentas modernas em Python e interfaces como a NiceGUI, é possível criar soluções automáticas e visuais para esta tarefa. Recolha e Enriquecimento de Dados Os servidores Apache e Nginx geram registos (logs) que incluem IPs, timestamps, métodos HTTP, URLs e user agents. Com Python, podemos: Visualização com NiceGUI A biblioteca NiceGUI permite criar dashboards web interativos com gráficos informativos: Vantagens para Equipas Técnicas Estas soluções trazem vários benefícios: Conclusão Ferramentas como esta representam uma evolução natural na gestão de…
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Sines -Gigafábrica ou Giga-fábula?
"Portugal ainda nem fabricou a ideia e já fatura os sonhos — só falta mesmo a IA levantar-se e bater palmas ao Excel que a criou."
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Os Pobres Estão Mais Pobres
O mais recente retrato da pobreza em Portugal revela um país onde a esperança parece andar de cócoras. Segundo os dados da PORDATA, em 2022, a taxa de intensidade de pobreza atingiu os 25,6%, face aos 21,7% de 2021 – o maior salto desde 2012. Mas o que significa isto em miúdos (literalmente, para muitos miúdos que jantam só pão com manteiga)? Que metade das pessoas que já são consideradas pobres, estão a viver com menos 25,6% do rendimento mínimo que define a linha da pobreza. É como estar no fundo do poço… e alguém ainda desatar a tirar-lhe a corda. Enquanto isto, os magos da retórica no Parlamento ainda falam em crescimento económico, inovação, turismo…
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Portas Abertas, Cabeças Vazias
Em Portugal, o modelo migratório parece ter sido desenhado por um gerente de discoteca com défice de atenção: portas abertas, entrada livre, dress code opcional e nenhum critério à entrada, desde que tragam um documento (ou nem isso) e um sorriso para a fotografia do SEF. Não, o problema não é a nacionalidade. É a analfabetização qualificada do país. É receber fluxos migratórios sem critério mínimo de literacia, como se estivéssemos a recolher cartas Pokémon num leilão global de mão-de-obra barata — com o único objetivo de tapar buracos, sem pensar no que vem depois. Porque daqui a 10 anos, quando a maioria destes recém-chegados não tiver lugar num mercado de trabalho…
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Organizações Faz-de-Conta: O Teatro das Instituições com Fato e Gravata
Hoje vamos à tal verdade que dói! Há em Portugal uma fauna muito particular. Não falo de javalis ou pardais, mas de uma espécie híbrida entre o burocrata empertigado e o artista de circo institucional — senhores e senhoras que trabalham em organizações faz-de-conta, criaturas místicas que operam entre o papel timbrado e o PowerPoint. São organismos com nomes respeitáveis: Agências, Entidades, Fundos, Veículos Especiais de Propósito Nenhum, Autoridades para Coisas Vagas, e Departamentos de Promoção da Inércia Nacional. Funcionam em edifícios limpos, onde ecoa o tilintar das cápsulas de café e o ranger do Excel mal usado. O que fazem? Ora, relatórios. Muitos. Longos. Com palavras como “sinergias”, “alinhamentos…
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🚢 “Oitante: A Nau dos Tostões Perdidos”
🚢 Sabe quem é a Oitante? Portugal, 2015.A banca tremia, o povo tossia, o Banif explodia — e no meio da névoa… surge ela:a Oitante,não é ilha dos Açores, nem vento dos Descobrimentos,mas um navio-fantasma fiscal com bandeira de resgate. Criada em silêncio, mas com muitos zeros,a embarcação foi batizada com água benta do Fundo de Resolução,pilotada por tecnocratas com olhar de Excel e coração de PowerPoint.Missão: recuperar os milhões esvoaçantes, os imóveis esburacados,e os créditos que nem com GPS se encontravam. ⚓ Uma empresa que não vende sonhos, mas ativos tóxicos. A Oitante não dá crédito — tira-o.Não promete futuro — recolhe passado malparado.É o cemitério onde vão os…
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🎭 “Sócrates – A Tragédia em Sete Cartórios”
Uma tragicomédia em atos, golpes e silêncios judiciais Ato I – O Filho da NaçãoEntra Sócrates, altivo, empoleirado nas escadarias do Parlamento.Com um sorriso ensaiado e olhar de actor em telenovela venezuelana, declara: “Vim para servir Portugal… e talvez também a mim próprio, com uma conta jeitosa em Paris.” Os figurantes – jornalistas crédulos, banqueiros bajuladores, e empresários famintos – aplaudem de pé. Ato II – O Benemérito da TroikaEm cena, uma tábua orçamental e três homens da troika, de lápis na mão e cenho franzido.Sócrates, de braço dado com a dívida pública, apresenta-lhes o país hipotecado: “Podem entrar. Está tudo em ordem. Excepto a justiça, o sistema fiscal, a…
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Crónica: O Milhão de Sócrates
Quando se julgava que o poço da vergonha política portuguesa não tinha mais fundo, eis que o nosso eterno protagonista da impunidade nacional volta a mergulhar, de tanga Armani e sorriso Colgate, nas águas turvas da suspeição. José Sócrates, esse ex-primeiro-ministro com um currículo mais recheado de escândalos do que de reformas, conseguiu a proeza de gastar mais de um milhão de euros em três anos. Bravo! Entre jantares, viagens, mordomias, massagens talvez, ou apenas a eterna sede de grandeza alimentada com cartões mágicos, lá se foi, gota a gota, o dinheiro que muitos portugueses só veem em sonhos ou nos folhetos de promoções do Pingo Doce. “Gastou mais de um milhão…
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🎵 A Balada dos Abafados
Nos becos fundos da pátria entornada,Onde o sol bate e a brisa se esconde,Caminham almas em marcha calada,Com o suor como hino que responde. — Portugal, abafado e de passo arrastado,Mas com o peito inchado de tanto esperar. No comboio do tempo que não anda,No café onde o “pois” é refrão,Abafados de fado e de demanda,Bebem sombras em vez de ação. — E o ar condicionado não sopra mudança,Apenas alívio para a resignação. São tantos os abafados, irmão,Com tostões e tostões de esperança,Num país de conversa e procissão,Onde tudo muda para manter a dança. — Dança do polvo, do compadrio e do empurrão,Numa brisa de revolta que nunca alcança. Mas…