-
Reflexão: O Veneno da Passividade
Abomino todo e qualquer sistema político que, em absoluta passividade, aceite deglutir — gota a gota — a ignorância, a arrogância, a demagogia, o culto da personalidade, os caciques, e tudo quanto a política consegue materializar de mais vil. Uma sociedade que, ao longo dos séculos, se habitua a conviver com o mal, não é apenas vítima.É cúmplice.É fonte ativa de destruição, de decadência, de perpetuação dos próprios grilhões que a amarram. A indiferença não é neutra.A resignação não é inocente.Onde a liberdade é abandonada à apatia, floresce a tirania. Só uma cidadania vigilante, corajosa e consciente pode resgatar um povo da lenta agonia a que os sistemas apodrecidos o…
-
A Maldição da Esperteza Saloia: Um Povo Contra Si Mesmo
Desde os seus primórdios, Portugal tem sido marcado por uma característica tão enraizada que se confunde com a própria identidade nacional: a valorização da esperteza em detrimento da inteligência crítica. Esta herança cultural — que alguns romantizam como “manha lusa” ou “sabedoria popular” — não é sabedoria.É, na sua essência, a glorificação do atalho, da astúcia oportunista, da vitória pequena e fugaz, em vez da construção sólida e pensada de um futuro coletivo. Ao longo da história, esta “esperteza saloia” revelou-se nas pequenas corrupções quotidianas, nas cunhas de favor, nos jeitinhos administrativos, nas lideranças ocas que sobem não pela sua visão ou competência, mas pela capacidade de contornar regras, enganar…