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Sobre o Livro “Escuta, Zé Ninguém”
Em “Escuta, Zé Ninguém”, Wilhelm Reich, psicanalista e pensador revolucionário, lança um apelo contundente à consciência adormecida da sociedade comum, representada pelo simbólico “Zé Ninguém”. Com um tom apaixonado, profundamente crítico, mas também compassivo, Reich desnuda as raízes da passividade social, da submissão cega à autoridade e da aceitação resignada da mediocridade. Publicado originalmente em 1946, num contexto pós-guerra marcado pela devastação, pela ascensão e queda de regimes totalitários e por uma profunda crise de valores, o livro mantém uma atualidade inquietante. Reich examina com rigor e intensidade emocional como indivíduos comuns, “os Zés Ninguém”, renunciam inconscientemente à sua capacidade crítica e à própria responsabilidade pessoal, optando por confiar cegamente…
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O Vazio de Liderança Americana e o Avanço dos Autocratas
Donald Trump, com a sua retórica agressiva e políticas erráticas, está a conduzir os Estados Unidos por uma rota suicidária. E não apenas no plano interno, onde polariza a sociedade e mina a democracia, mas também no xadrez global, onde desmantela alianças históricas, fragiliza a economia americana e cede terreno às potências autoritárias. Ao abandonar o multilateralismo e declarar guerra à globalização, Trump cria vácuos. E a história ensina-nos que o vácuo de liderança nunca dura: alguém o preenche. E quem o está a preencher são dois regimes com visões autoritárias e agendas expansionistas claras: a China de Xi Jinping e a Rússia de Vladimir Putin. No plano económico, Trump…
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Betão, Poder e Silênço: Montenegro no Centro da Neblina
A teia repete-se com uma precisão inquietante. O Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto abriu um inquérito sobre a maior obra pública de Espinho. No centro da investigação está a ex-sociedade de advogados de Luís Montenegro, atual primeiro-ministro. Em causa, pareceres favoráveis a uma empresa de construção: a Alexandre Barbosa Borges (ABB). A mesma empresa que forneceu betão para a casa pessoal de Montenegro naquela cidade. Segundo a própria ABB, o fornecimento custou 37 mil euros. Mais do que coincidências, há linhas de continuidade obscuras entre a política, os negócios e o betão. Os pareceres técnicos da sociedade de advogados, os contratos públicos de milhões, o fornecimento privado…
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The Quantum Linux — A Journey into the Programmable Cosmos
What if the universe were not a clockwork machine, but an open-source operating system?What if reality itself compiled in real-time — not in binary, but in beauty? In The Quantum Linux, Francisco Gonçalves fuses poetry, physics and programming to craft a unique vision: a universe governed not by certainty, but by superposition; a world where each mind is a terminal, and each thought a line of code. Through chapters that dance between quantum computing, ethics, metaphysics and digital mysticism, the book explores: More than a technical essay, The Quantum Linux is a manifesto for the mind — a poetic system reboot, urging us to observe differently, to think probabilistically, and…
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📘 Descrição do Livro – Democracia Direta: Do Palco ao Povo
Democracia Direta: Do Palco ao Povo é uma obra satírica, lúcida e profundamente atual, que desmonta com humor e espírito crítico o teatro da política representativa moderna. Francisco Gonçalves conduz-nos por 15 capítulos e um epílogo recheados de ironia inteligente, poesia cívica e propostas ousadas, lançando um olhar provocador sobre partidos, campanhas, promessas e o papel do cidadão. Mais do que crítica, este livro é uma proposta: um manual de instruções para uma nova democracia, mais participativa, transparente e humana — com ferramentas práticas, tecnologia, assembleias populares e, acima de tudo, confiança no poder do coletivo. Combinando o riso à reflexão, Democracia Direta: Do Palco ao Povo é uma leitura…
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📘 Book Summary – Direct Democracy: From Stage to People
Direct Democracy: From Stage to People is a satirical and thought-provoking journey through the absurd theatre of modern representative politics — and a bold call to bring power back to where it belongs: the people. Francisco Gonçalves blends humour, civic poetry and biting critique to expose the cracks in traditional party systems, the emptiness of electoral promises, and the distant rituals of institutions that no longer listen. But this is not a book of complaint — it is a manual for transformation. Through 15 vibrant chapters and a poetic epilogue, the reader is invited to explore: It’s a book that laughs — but never lets go of seriousness. That criticises…
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Elefantes Digitais e Carroças sem Bois: A Megalomania que Consome Portugal
Portugal, terra de sonhos grandiosos e execuções vazias, tem um talento especial para anunciar o futuro enquanto enterra o presente. O Data Center da Covilhã, erguido com pompa por José Sócrates nos anos 2000, é o exemplo perfeito desse delírio institucionalizado. Prometia-se um polo de inovação, uma âncora de desenvolvimento para o interior, o “Silicon Valley” da Beira. Anúncios não faltaram, mas projetos reais nunca vieram. Hoje, passados mais de dez anos, o edifício serve mais aos ratos do que à tecnologia. O sonho virou ruína, e o dinheiro dos contribuintes desapareceu sem rasto nem responsabilidade. A história repetiu-se com novo verniz em 2018, desta vez com António Costa. Em…
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Quando a Ciência Vai na Frente e os Políticos Ficam na Penumbra: O Caso da Fusão Nuclear
Por Francisco Gonçalves “A ciência avança, silenciosa e luminosa. E os políticos? Ficam-se de boca aberta, pasmados, impotentes perante o novo que muda tudo.” I. Um Sol Artificial no Coração da Terra Em março de 2025, na cidade de Chengdu, no sudoeste da China, o reator experimental HL-3 deu um passo audaz rumo ao impossível: atingiu, simultaneamente, 117 milhões de graus Celsius nos eletrões e mais de 100 milhões nos iões — recriando assim, dentro de uma máquina em forma de donut (um tokamak), as condições do próprio Sol. Este feito, mais do que um marco científico, é uma declaração de intenções: a fusão nuclear deixou de ser um sonho…
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Quando os Deuses Ficarem Obsoletos — O Sol que Desperta em Chengdu
Por Francisco Gonçalves Na cidade de Chengdu, entre montanhas de bambu e rios antigos, o ser humano acendeu uma estrela. Não é uma metáfora. É ciência — quente, densa, abrasadora. Um reator tokamak, o HL-3, prendeu em si um pedaço do céu: 117 milhões de graus nos eletrões, mais de 100 milhões nos iões. Números que ultrapassam o núcleo do Sol. Temperaturas que dissolveriam matéria, que fariam os deuses hesitar. Mas a humanidade não hesitou. A nossa espécie, ainda atolada em guerras, algoritmos vãos e populismos ocos, ousou desafiar a física celeste. Fê-lo com campos magnéticos poderosos e plasma sobreaquecido. Com feixes de partículas e micro-ondas. Com engenho, paciência e…
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Europa no Fio da Navalha: Entre o Protecionismo Americano e a Abertura Chinesa
As novas tarifas anunciadas por Donald Trump são mais do que um erro económico interno: são um terramoto cujas ondas de choque se farão sentir em todo o planeta. E, como sempre, a Europa está no epicentro da turbulência sem ter provocado o sismo. A dependência comercial, tecnológica e estratégica da União Europeia em relação aos Estados Unidos torna-a vulnerável à imprevisibilidade de Washington. E quando essa imprevisibilidade toma a forma de protecionismo agressivo, a UE tem apenas duas opções: ajoelhar ou reposicionar-se. A história das relações transatlânticas está repleta de alianças cómodas e cumplicidades estratégicas. Mas também está marcada por assimetrias e submissões. A Europa tornou-se, em muitos aspetos,…