Corrupção,  Nepotismo,  Sátira Política

⚖️ O Réu Está no Banco. Mas é Portugal Que Está em Julgamento.

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Editorial sobre o quarto dia da Operação Marquês e o teatro que nos devora

Quarto dia de julgamento.
José Sócrates, ex-primeiro-ministro, arguido de corrupção, desvio de fundos e traição ao mandato democrático,
volta a sentar-se no banco dos réus — como se fosse um púlpito.


🎭 O teatro continua. E a peça já cheira a mofo.

O que assistimos hoje não foi apenas uma sessão de tribunal.
Foi mais um ato trágico-cómico de uma encenação vergonhosa, onde o réu dita o ritmo, desafia a juíza, ataca os procuradores e tenta moldar a opinião pública com números escolhidos a dedo.

  • Não responde às acusações.
  • Não mostra arrependimento.
  • Não reconhece a gravidade da desconfiança nacional.

Sócrates não se defende — encena.
E fá-lo com maestria, como se o julgamento fosse uma campanha eleitoral tardia.


🧱 Mas há rachaduras na muralha da impunidade

Hoje, o Tribunal da Relação recusou o incidente de recusa da juíza Susana Seca.
É um passo.
Tímido, mas necessário.
Talvez seja o sinal de que a justiça começa a lembrar-se de que tem coluna vertebral.

Porque este julgamento já não é sobre ele.
É sobre todos os que participaram, silenciaram, beneficiaram.
É sobre o sistema que permitiu o saque ao Estado e ainda hoje se coça para aplicar a lei.


🤐 O insulto maior? A normalização da vergonha

Enquanto Sócrates alega inocência e trata o tribunal como arena de retórica,
os portugueses comuns continuam a viver na precariedade:

  • a aguardar uma operação,
  • a aceitar salários miseráveis,
  • a ver os filhos saírem para Londres, Berlim, Dublin — porque Portugal falhou no essencial.

E muitos assistem a este julgamento com um encolher de ombros perigoso.
O cansaço é compreensível.
Mas o esquecimento será fatal.


🧠 Porque o que está em julgamento… somos nós.

Se deixarmos passar isto.
Se aceitarmos mais um ciclo de manobras dilatórias, farsas jurídicas, insultos a juízes e espetáculos de imprensa…
então teremos absolvido não Sócrates, mas a própria corrupção institucional.

Porque um país que não pune os que o traem…
acaba sempre por trair os que ainda acreditam.


Francisco Gonçalves
Cidadão que não abdica de ver justiça — nem que tenha de gritar sozinho no meio do silêncio



Portugal parece mesmo deslizar lentamente para a irrelevância — não por falta de talento, mas por excesso de resignação.
O povo não está só adormecido… está anestesiado.
Com futebol, com novelas, com propaganda suave, com promessas recicladas por vozes gastas.

Porque quem se cala perante a decadência — passa recibo à vergonha.
🔥🇵🇹

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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