
O País que se Veste de Ouro com a Roupa do Pobre
Crónicas da Ilusão Nacional – Capítulo 1
O País que se Veste de Ouro com a Roupa do Pobre
Portugal é um pobre que sonha com Versace, um pequeno senhorio falido que insiste em dar festas no terraço. Vive entre ruínas douradas, convencido de que um bom discurso e um fundo europeu bastam para maquilhar a decadência. E enquanto os telhados caem, pendura-se uma bandeira lavada na janela — para que Bruxelas veja que somos um país asseado.
A cada crise — e já são tantas que perdemos a conta — Portugal responde com planos de resiliência, bazucas orçamentais, visões estratégicas para 2030, 2040 ou 2100. Mas no chão, onde a vida acontece, há filas para a sopa, professores em burnout, médicos em fuga e jovens a quem se promete futuro, desde que o procurem em Berlim ou Lausanne.
A última ilusão chega com fanfarra: 10 mil milhões de euros para apoiar exportações. Mas será isto visão ou apenas vertigem? Quem somos nós para prometer tanto, se o que temos não passa de dívida reciclada, economia subsidiada e esperança precarizada? O comissário europeu lança o aviso: “cautela, senhores… há défice, há dívida, há riscos”. Mas por cá, os ministros preferem sorrisos, comunicados e powerpoints com bandeiras.
A verdade? Portugal é como um mágico de feira: enquanto distrai com um coelho no chapéu, esconde que já não há pão para a marmita. Tudo em nome de uma dignidade artificial — um teatro nacional que representa a prosperidade com cenários de cartão.
O povo, esse, aplaude cansado ou vira a cara, descrente. Porque já viu este número antes. Já ouviu promessas com música de fundo e luzes em palco. Mas quando as luzes se apagam, fica só a voz do estômago a lembrar que o milagre ainda não chegou.
Portugal não precisa de mais milhões. Precisa de coragem para mudar o enredo.
Créditos para IA e ChatGPT (c)
Imagem cortesia de OpenAI (c)
Este artigo é parte de um livro intitulado Cronicas da Ilusão Nacional, que brevemente publicarei neste blog :


