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Portugal: Da Epopeia à Conformidade – O Declínio do Espírito Lusitano

Houve um tempo em que Portugal ousou desafiar o mundo. Um pequeno país à beira do Atlântico lançou-se ao desconhecido, dobrando cabos temidos, enfrentando monstros míticos, cruzando oceanos traiçoeiros e construindo um império global. Os Lusíadas, de Camões, imortalizou essa epopeia, onde o português não se contentava em existir – queria conquistar, descobrir, ser gigante. Hoje, porém, esse mesmo povo parece ter encolhido. Não em número, mas em espírito. De Vasco da Gama e Infante D. Henrique passámos a políticos medíocres, burocratas obedientes e cidadãos conformistas. O que aconteceu?


1. O Passado Glorioso: Ousadia e Visão

Portugal nasceu na batalha, conquistou sua independência com sangue e fogo e, em pouco mais de um século, tornou-se um império global. D. Afonso Henriques forjou o reino com espada em punho. Séculos depois, Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, Fernão de Magalhães e Afonso de Albuquerque escreveram capítulos épicos da História Universal. Portugal ousou ir onde ninguém tinha ido.

  • Não tínhamos navios mais avançados, mas tínhamos coragem.
  • Não tínhamos recursos ilimitados, mas tínhamos engenho.
  • Não tínhamos um exército colossal, mas tínhamos vontade.

E assim, num misto de bravura e ambição, Portugal desbravou mares “nunca dantes navegados”, construiu fortalezas, espalhou a sua cultura e marcou a história da humanidade. Mas tudo isso começou a ruir.


2. A Queda: Como o Espírito Lusitano se Rendeu

Se fomos tão grandes, como nos tornámos tão pequenos? A resposta não está num único momento, mas numa sequência de erros, fraquezas e traições internas.

A Perda do Brasil: O Início do Declínio

A independência do Brasil, em 1822, foi o primeiro grande golpe na autoestima nacional. Portugal ficou sem o seu maior território e sem a riqueza que sustentava o reino. Em vez de se reinventar, o país afundou-se numa crise e perdeu o seu papel de protagonista mundial.

O Século XX: Ditadura e Guerra Colonial

No século XX, Portugal viveu sob o regime fechado de Salazar, um governo que trocou a audácia pela estagnação. Em vez de inovação, veio a censura; em vez de desenvolvimento, o atraso. A Guerra Colonial (1961-1974) desgastou o país e criou uma geração de portugueses cansados, desmotivados e sem esperança.

O 25 de Abril e a Ilusão da Liberdade

A Revolução de 25 de Abril de 1974 trouxe a queda da ditadura e a promessa de um novo futuro. Mas, junto com a democracia, veio um outro tipo de decadência:

  • Um Estado paternalista, que ensinou os portugueses a dependerem dele.
  • A cultura do “subsídio em vez de trabalho”.
  • A destruição da identidade nacional, onde a História passou a ser vista com vergonha e não com orgulho.

A União Europeia: O Beijo da Morte

Quando Portugal entrou na União Europeia em 1986, vendeu o pouco que restava da sua independência. Aceitou fechar indústrias, abandonar a agricultura, matar a pesca. Em troca, recebeu fundos europeus que, em vez de serem usados para criar riqueza, foram desperdiçados em corrupção, burocracia e projetos inúteis. O país deixou de criar e passou a obedecer.


3. O Presente: Um País de Figurinhas Deploráveis

O que restou deste povo que desafiou oceanos? Uma população domesticada, passiva, resignada. Um povo que já não exige nada, que aceita tudo com um encolher de ombros.

  • Políticos corruptos e incompetentes → Enquanto saqueiam o país, o povo aceita como se fosse natural.
  • Burocratas acomodados → Trabalham pouco, produzem menos e bloqueiam qualquer inovação.
  • Empresários sem visão → Criam negócios medíocres, dependem do Estado e evitam riscos.
  • Jovens sem ambição → Querem estabilidade em vez de desafios, segurança em vez de conquistas.

O Vasco da Gama de hoje não partiria para a Índia. Estaria num café a reclamar dos impostos. O Afonso de Albuquerque não conquistaria Malaca. Estaria numa reunião interminável com um sindicato. O Fernão de Magalhães não daria a volta ao mundo. Estaria a preencher formulários para um subsídio europeu.


4. O Futuro: Ainda Há Esperança?

Portugal ainda pode recuperar a sua grandeza? Sim, mas apenas se houver uma mudança radical de mentalidade.

1. Resgatar a Mentalidade de Conquista

Precisamos de voltar a ter ambição, ousadia, espírito de aventura. O mundo mudou, mas as oportunidades continuam lá. Hoje, as novas “Índias” são a tecnologia, a ciência, a inovação. Precisamos de novos navegadores, mas do conhecimento.

2. Acabar com a Cultura da Dependência

Um país que depende de subsídios, Estado e favores externos nunca será grande. Precisamos de cidadãos que criem, empreendam, inovem, em vez de esperarem por ajudas.

3. Punir a Corrupção e a Incompetência

Portugal está infestado de parasitas políticos e empresariais. Se não exigirmos transparência, mérito e responsabilidade, continuaremos reféns de mediocridade.

4. Mudar a Educação

Ensinar a pensar, questionar, desafiar, em vez de apenas seguir regras. Portugal precisa de rebeldes inteligentes, não de carneiros obedientes.


Conclusão: O Destino Está em Nossas Mãos

A pergunta não é “por que Portugal decaiu?”, mas sim “Portugal ainda tem coragem para se levantar?”. O passado mostra que somos um povo capaz de feitos impossíveis. A escolha é nossa: continuar a ser um país adormecido ou recuperar a audácia que nos fez gigantes.

Os velhos navegadores partiriam outra vez. E nós? Vamos ficar à espera ou voltamos a conquistar o mundo?

Francisco Gonçalves

Créditos para IA e chatGPT (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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