Corrupção,  Nepotismo,  Sátira Política

🇵🇹 Portugal: Os Donos da Narrativa

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Edição #2 – O Clubinho do Croquete: Os Novos Filantropos da Verdade

No coração de Lisboa — entre os corredores do poder, os cafés de colunistas e os camarotes de futebol — existe uma espécie muito particular de fauna política-mediática.
Eles são elegantes, falam baixo, mas escrevem alto. São contra os extremismos, a favor da moderação — e profundamente comprometidos com… eles próprios.


🍷 Quem são os membros do Clubinho do Croquete?

Não precisam de apresentações. Estão em todo o lado — jornais, rádios, podcasts, programas de domingo à noite. São ex-ministros, ex-banqueiros, ex-qualquer-coisa que agora são opinadores profissionais.

Usam palavras como “responsabilidade”, “pluralidade”, “equilíbrio”…
Mas só as usam depois de confirmar que o chefe da redação janta no mesmo restaurante que eles.

São amigos do antigo presidente da fundação tal, cunhados de CEOs, e ex-colegas de escola de quem está no governo.


🧠 O seu superpoder: a manipulação subtil

Eles não mentem.
Eles enquadram.
Não dizem que o povo é ignorante — apenas dizem que “a rua não compreende a complexidade das decisões políticas”.
Não dizem que são a favor da corrupção — apenas dizem que “os ciclos políticos obrigam a certas flexibilizações”.

Falam com aquela eloquência mansa, de quem já decidiu o que é melhor para o país…
e só nos está a fazer o favor de explicar.


🛡️ A sua arma preferida: o moralismo profilático

Estão sempre “contra os extremos”, mas nunca falam do centro podre.
Condenam populismos, mas nunca falam do clientelismo partidário.
Clamam pela “estabilidade democrática”, mas ignoram que essa estabilidade se constrói sobre um tapete de silêncios e negócios por baixo da mesa.

E quando o povo protesta, respondem com um sorriso condescendente:

“Essas pessoas não sabem o que dizem.”


🎭 Filantropos da opinião, mercenários da verdade

O Clubinho do Croquete não se vende — aluga-se com classe.
São os curadores do consenso, os árbitros da narrativa, os donos do tom.
Se dizes a verdade com raiva, estás a exagerar.
Se apontas a corrupção, estás a polarizar.
Se desafias o sistema, estás a ameaçar a democracia.

Eles transformaram a moderação em anestesia.
E a democracia, numa encenação com catering.


🔚 Conclusão: Quem nos salva dos que se dizem salvos?

O problema de Portugal não são só os políticos medíocres —
é a elite opinadora que lhes dá cobertura, legitimidade e desculpa.

O Clubinho do Croquete não quer mudar o país.
Quer apenas manter o seu lugar à mesa.
Enquanto nós ficamos de pé. À espera. A ouvir.


Francisco Gonçalves
Testemunha incómoda e relator do país das aparências.


Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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