
📜 Diplomados e Domesticados: A Nova Servidão Moderna
Em tempos idos, quem sabia ler era perigoso. Bastava juntar letras a ideias, e nascia um revolucionário. Hoje, depois de 15 anos de escolaridade obrigatória, exames, fichas, powerpoints e apresentações em grupo… nasce um consumidor de conteúdo, um acenador de cabeça, um refém de slogans.
Chegámos à era da burrice com diploma.
As escolas passaram a ser fábricas de conformistas, onde se premia quem não pergunta e se castiga quem ousa duvidar do enunciado. A filosofia virou disciplina optativa. A retórica, um truque de influencers. E a curiosidade… foi formatada com um clique no Google.
Mas não estamos perante um desastre acidental. Estamos perante um projeto bem arquitetado de domesticação mental.
🎓 O Novo Formato de Cidadão
Nasce o novo “intelectual padrão”:
- Lê cabeçalhos de jornais e acha-se informado.
- Vê o telejornal e julga que compreende geopolítica.
- Sabe frases de impacto, mas desconhece o contexto.
- Repete palavras como “democracia”, “direitos” e “liberdade” sem saber que vivem aprisionadas por interesses económicos e ideológicos.
A este novo cidadão, ensinado a obedecer desde a infância, não se pede que pense. Apenas que acate, consuma, vote de quatro em quatro anos, e vá dormir com a consciência tranquila e um ecrã azul a iluminar a cara.
📺 A Mídia como Pastor Digital
As televisões e jornais deixaram de informar para entreter. Os comentadores são pagos para parecer que pensam.
A verdade deixou de interessar; o que interessa é o tom. A pose. A palavra redonda e segura, mesmo que vazia.
E se alguém questiona a narrativa dominante, não se debate: cancela-se.
Ou chama-se de populista, extremista, negacionista, ou – o novo rótulo universal – “desinformado”.
Mas há um paradoxo doloroso:
Nunca se estudou tanto, e nunca se soube tão pouco do essencial.
Porque a inteligência crítica foi substituída por inteligência artificial, e o saber prático pela opinião de comentadores pagos.
🧠 Uma Civilização com Mestrado e Cérebro Formatado
Somos uma civilização com cloud, mas sem pensamento. Com Big Data, mas sem memória.
Com currículos recheados… e cabeças vazias.
Na Grécia Antiga, ensinar era libertar. Hoje, educar é moldar para caber no molde — do mercado, da obediência, do consumo, do rebanho.
A servidão moderna não usa grilhetas. Usa diplomas, e um salário mínimo.
Artigo da autoria de Francisco Gonçalves in Fragmentos do Caos
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“A nova escravidão não se faz com correntes, mas com certificados. Não se impõe com chicote, mas com uma média final. E o resultado é o mesmo: cidadãos domesticados, incapazes de romper o algoritmo da obediência.”
