Democracia e Sociedade

A Reforma Fantasia de Montenegro com muita magia

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Por Francisco Gonçalves & Augustus Veritas

Luís Montenegro apareceu no palco da governação como quem promete um concerto sinfónico, mas veio com uma flauta desafinada e um tambor a pilhas. O seu programa de governo, apresentado com pose de estadista e slides bonitos, é um manifesto de intenções que mistura milagre financeiro com contorcionismo político. Ou seja, é a mesma receita que nos trouxe até à borda do precipício… agora com transição digital.

A Quadratura do Círculo (ou da Loucura)

Vamos por partes. Montenegro promete:

  • Baixar impostos.
  • Aumentar os salários.
  • Cumprir os 2% de despesa com a NATO.
  • Reforçar a saúde, educação, justiça e proteção social.
  • E não cortar nos gastos estruturais do Estado.

É o equivalente político a um cozinheiro que promete mais pratos, mais qualidade, menos tempo de espera e… com menos ingredientes e sem aumentar o orçamento.

Onde está o dinheiro, Montenegro?

Talvez escondido debaixo do tapete orçamental, ou no bolso fundo da famigerada “bazuca europeia”. O problema é que essa bazuca já anda a disparar para todos os lados há anos, e em vez de obras, temos powerpoints, estudos, assessores e mais gabinetes com nomes pomposos que ninguém sabe o que fazem.

O que não se vê neste programa:

  • Nenhum plano real para reduzir a gordura obscena do Estado.
  • Nenhuma proposta concreta para combater o nepotismo, as nomeações partidárias e os institutos-fantasma.
  • Nada sobre controlar os gastos incontroláveis com empresas públicas falidas.

A Magia é o Novo Realismo

Este programa mais parece saído de uma reunião entre Harry Potter, o Professor Marcelo (Dumbledore reformado) e um contabilista em burnout. Tudo é possível, desde que ninguém faça perguntas sobre contas.

Aliás, se tivermos sorte, até os impostos baixam e as pensões sobem… num ano em que o PIB estagna, a produtividade não avança e o setor exportador é esmagado pelo custo da energia e da burocracia.

Portugal: Sempre na Beira da Bancarrota, Mas com Ar de Sucesso

Nada muda. A administração continua opaca, os jovens continuam a emigrar, os reformados a contar tostões, e os amigos do regime continuam a ganhar contratos públicos. A única reforma visível é a reforma dos slogans.

“Modernizar sem tocar em nada” é o novo lema da governação. “Reformar com consensos” é o novo código para não mexer onde dói.

Conclusão: Um Governo a Cálice Meio Vazio

Montenegro quer reformar o Estado como quem muda os cortinados de uma casa em ruínas. É bonito, rende fotos e discursos, mas o povo continua a pagar a renda de um castelo enquanto vive num barraco.

No fundo, é um programa de continuidade com énfase na cosmética. A mediocridade permanece intacta. A coragem ficou na gaveta. E Portugal… esse continua na fila para o milagre que nunca chega.


Publicado em www.fragmentoscaos.eu

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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