Democracia e Sociedade

🏦 Justiça à Portuguesa: Perdão para os Bancos, Porrada para o Povo

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Dizem que em Portugal todos são iguais perante a lei. E é verdade.
Só que uns são mais “iguais” que outros — especialmente se usarem gravata, caneta Montblanc e tiverem um banco em falência técnica.

Recentemente, o Tribunal Constitucional decidiu que a Contribuição Extraordinária sobre a Banca era… inconstitucional. Uma taxa criada para que os bancos ajudassem a pagar os estragos da crise financeira que eles próprios provocaram.
Mas não — coitadinhos, parece que foi muito “extraordinária” para os seus bolsos sensíveis. Pobres instituições…

🤷‍♂️ Afinal, o que é um banco em Portugal?

  • Um lugar onde o cliente deposita confiança… e recebe taxas.
  • Onde o risco é socializado, mas o lucro é privatizado.
  • Um edifício sólido onde a porta é giratória: entra dinheiro do povo e sai em direção aos offshores.

📜 Justiça? Só se for poética…

Porque a verdadeira justiça, essa de toga e martelo, anda ocupada com coisas mais importantes:

  • multar o Zé da padaria porque não passou um recibo de 1,20€;
  • ou penhorar o salário da dona Rosa por causa de uma dívida ao ginásio que faliu em 2009.

Mas quando o assunto envolve:

  • contratos de swaps,
  • falcatruas com papel comercial,
  • ou vendas de ativos tóxicos?

A justiça portuguesa suspira, coça a cabeça… e prescreve.

💰 O “perdão bancário” não é um ato de caridade — é uma instituição nacional:

  • O BPN custou mais que o Ministério da Cultura nos últimos 30 anos.
  • O BES virou Novo Banco, mas os prejuízos continuaram com nome de perfume caro.
  • E os grandes culpados? Estão reformados com pensões douradas e crónicas de opinião nos jornais.

🎭 A moral da história?

Se deve 10 mil euros, o banco vai atrás de si com um machado.
Se deve 10 mil milhões, o Estado oferece-lhe um almoço e um cargo no conselho de administração.


📢 Epílogo (à moda do caos):

Em Portugal, não se perdoa a quem rouba pão.
Mas perdoa-se (com juros) a quem rouba o pão, a padaria, o padeiro e ainda transforma tudo num crédito malparado com cláusulas abusivas.



“Em Portugal, quem rouba pão vai preso.
Quem rouba bancos dá entrevistas.”

No país onde a justiça corre atrás do pobre com a pressa de um fiscal de impostos…
os bancos vão sendo perdoados com a delicadeza de quem pede desculpa por ter tropeçado num trono.

Quando a justiça se ajoelha diante da banca,
o povo continua a pagar — com juros, spread e sangue.


Artigo de Augustus Veritas Lumen

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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