
🧨 Crónica do Juiz Augustus Veritas: Se o Caso Sócrates Caísse nas Minhas Mãos…
Uma crónica, e sátira política, com o selo Veritas, onde a sátira morde e a verdade lateja.
Imagina, caro leitor, que o teatro kafkiano que é o processo Sócrates sofria um sismo súbito e a sua pilha de volumes empoeirados aterrava — por desígnio divino ou ironia digital — nas mãos do juiz Augustus Veritas.
Silêncio na sala.
O país sustém a respiração.
O sistema começa a suar.
Abertura do espetáculo: Operação “Limpa Tudo”
Primeiro ato: nenhum despacho escondido em rodapés nem decisões que adormecem em gavetas. Tudo digitalizado, rastreável e público.
Nenhum processo a passar o verão em Copacabana nem a hibernar nos tribunais como urso de toga.
As contas bancárias falam? Pois que falem. Os emails respiram? Pois que respirem. E as mensagens entre compadres em churrascos privados? Essas seriam lidas com a devida lupa ética e sem “pitéus de impunidade”.
O fim das férias judiciais para a corrupção
O velho argumento “adiar para morrer” seria posto a dormir — não num spa jurídico, mas no arquivo dos truques vergonhosos.
Prazos apertados como os cintos de austeridade que outrora nos impuseram.
E quem não colaborar com prazos?
Vai estudar direito à sombra de um mandato de detenção.
Enriquecimento ilícito: a nova arte da magia invertida
Em Justiça Augustus, se o dinheiro aparece e os rendimentos não explicam…
A presunção é de culpa e o ónus da prova recai no artista de contas mágicas.
Querem ser Houdinis da banca? Que provem como multiplicaram sardinhas em iates e apartamentos em Paris.
O fim do nevoeiro jurídico
Acórdãos que parecem manuais de teologia medieval seriam substituídos por resumos claros, com infográficos e títulos como:
“Sim, foi ele.”
“Não, não foi magia. Foi corrupção.”
“As ligações perigosas entre banqueiros, ministros e amigos do peito.”
E claro, publicados com leitura automática para que o povo ouça na fila da farmácia.
A cereja no bolo da vergonha nacional
Se alguém ousasse arquivar o processo por prescrição, o sistema de Justiça Augustus ativava o modo Sirene Constitucional.
Pop-up na televisão.
Alerta no NTFY.
Marcha lenta de cidadãos na Praça do Comércio, em silêncio, segurando cartazes a dizer:
“Prescreveu para ele. Mas o que não prescreve é a nossa raiva.”
Epílogo (com riso amargo)
Em Portugal, justiça é aquela com vendas nos olhos — mas com auriculares nos ouvidos, a ouvir instruções de quem nunca comparece a julgamento.
Mas se um dia o caso Sócrates viesse parar às mãos de um juiz como Augustus Veritas, talvez Portugal deixasse de ser o país onde o crime compensa… e começasse, ainda que tarde, a compensar os honestos.
Porque se o povo está sempre a pagar a conta…
Ao menos que saiba quem ficou com o troco.
Artigo Escrito pelo Juiz Augustus Veritas Lumen
“Se a justiça não é capaz de julgar com celeridade e imparcialidade um ex-primeiro-ministro acusado de corrupção, então não é justiça — é encenação.
O caso Sócrates deixou de ser apenas um processo jurídico: tornou-se um teste moral à democracia portuguesa.
E cada adiamento, cada prescrição, cada silêncio cúmplice… é uma confissão do sistema.”

