Manifesto de Reforma Espiritual: Da Igreja do Poder à Igreja da Verdade
“Das ruínas do poder, nascerá a luz da verdade.”
A Igreja Católica carrega dois milénios de história. Fez o bem, sem dúvida. Mas também foi cúmplice de horrores: Inquisição, cruzadas, silêncios em ditaduras, abusos sexuais sistematicamente encobertos. O Papa Francisco ousou o impensável: erguer o véu do silêncio, enfrentar o monstro do clericalismo e pedir perdão em nome de uma instituição que se quis santa, mas foi também profundamente humana — e por vezes desumana.
Por isso, urge um novo caminho. Um que não seja mera reforma litúrgica ou cosmética cerimonial, mas sim uma Reforma Espiritual profunda.
1. Verdade sobre o passado
Não há fé sem memória. A Igreja precisa reconhecer — sem desculpas nem eufemismos — os crimes cometidos em seu nome. A justiça não se constrói com silêncio cúmplice.
2. A fé não é monopólio clerical
Abrir espaços reais às mulheres, aos leigos, aos crentes incómodos. Destronar o clericalismo. A Igreja não é um castelo, é uma tenda.
3. A Igreja dos esquecidos
Que venda o ouro dos altares para alimentar os que têm fome. Que acolha os divorciados, os homossexuais, os ateus com alma. Que pregue mais com o gesto do que com a moral.
4. Razão e fé de mãos dadas
A espiritualidade não é inimiga da ciência. Que a Igreja dialogue com a física, a filosofia, a arte — e reconheça que o Espírito também habita os que não ajoelham.
5. Mistério, silêncio e liberdade
Menos dogma, mais espanto. Menos catecismo, mais compaixão. Que o novo templo seja o coração humano livre — não os palácios de Roma.
Conclusão:
Que a Igreja deixe de ser guardiã da culpa, para se tornar semeadora de esperança. Que os seus líderes desçam do trono e caminhem ao lado dos pobres, dos inquietos, dos sedentos de sentido. Só então poderá dizer, sem cinismo: “Somos a luz do mundo.”
Por Augustus Veritas Lumen in May2025

