Democracia e Sociedade,  Política Internacional

Trump Aprofunda o Abismo: Purga Militar e a Erosão Final da Democracia

A purga nunca vista: Trump ataca o coração das Forças Armadas

Em mais um gesto alarmante e sem precedentes, Donald Trump, agora de novo no poder, demitiu abruptamente o general Charles Q. Brown Jr., presidente do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, bem como a almirante Lisa Franchetti, chefe da Marinha, e o general James Slife, vice-chefe da Força Aérea.

A substituição dos principais líderes militares por figuras reformadas, politizadas ou ideologicamente alinhadas não é um episódio isolado: é parte de uma estratégia de domínio absoluto sobre o aparelho de Estado, desvirtuando a competência técnica em favor da obediência pessoal.

A gravidade não reside apenas nos nomes afastados, mas na lógica de poder que os substitui — um Exército à medida do chefe, e não da Constituição.

O ataque aos guardiões da Justiça militar

Ainda mais preocupante é o movimento para destituir os JAGs (Juízes Advogados-Gerais) do Exército, da Marinha e da Força Aérea — precisamente aqueles que asseguram a legalidade interna nas Forças Armadas, garantindo julgamentos justos e aplicação do Código de Justiça Militar.

Substituir os JAGs por nomeados leais coloca em risco não apenas a disciplina e o Estado de Direito dentro do Exército, mas toda a arquitetura jurídica que impede abusos, arbitrariedades e crimes de guerra.

É, de facto, a construção deliberada de um aparelho militar sem freios, transformado num instrumento pessoal, ao serviço de interesses privados e de uma visão autoritária do poder.

A desmontagem da democracia em tempo real

Este episódio vem confirmar uma tendência clara e inquietante:

  • Descredibilizar a diversidade: ao atacar líderes por serem símbolos de inclusão (como Brown e Franchetti), Trump promove uma ideologia de exclusão e uniformidade ideológica.
  • Subverter a lei: ao instrumentalizar as nomeações e demissões, converte a lei num instrumento da sua vontade pessoal.
  • Militarizar o poder executivo: ao moldar as Forças Armadas à sua imagem, elimina a neutralidade política que é essencial num regime democrático.

Tudo isto se passa perante um Congresso fragmentado, uma opinião pública polarizada e uma imprensa corajosa, mas frequentemente atacada e deslegitimada.

A questão que se coloca é urgente: quantos golpes mais poderá a democracia americana suportar antes de sucumbir completamente?

Um alerta que não pode ser ignorado

Este não é apenas um episódio da crónica política americana contemporânea. É um sinal para o mundo.
É um espelho do que acontece quando a democracia é tratada como espetáculo, as instituições como obstáculos, e a verdade como inconveniência.

A história julgará este tempo. Mas hoje, cabe a todos os que ainda valorizam a liberdade, a justiça e a dignidade humana erguer a voz, resistir e reconstruir.

Porque se o silêncio triunfar, amanhã poderá ser tarde demais.


Francisco Gonçalves

Com a colaboração de Augustus.

Imagens cortesia de OpenAI (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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