
Portugal Milionário de Bolsos Vazios: O Escândalo dos 10 Mil Milhões para Empresários
por Francisco Gonçalves
Publicado em Fragmentos do Caos
Portugal, esse país onde as urgências fecham por falta de médicos, as escolas escasseiam em professores, os comboios não chegam a horas — e no entanto, surgem 10 mil milhões de euros como por milagre, anunciados pelo governo como se fosse um gesto nobre. Mas não é. É uma afronta. Um atentado político e ético ao povo português.
E ainda por cima, uma “iniciativa” de um governo em gestão, e portanto sem legitimidade para endividar ainda mais o país. Luís Montenegro não tem neste momento autoridade nem credibilidade, para anunciar este tipo de medidas, descaradamente populistas.
Num país endividado até à medula, onde se pedem sacrifícios aos mais frágeis, este pacote de apoios às empresas exportadoras, apresentado como “estratégico”, revela-se, no fundo, uma distribuição de riqueza futura que o Estado ainda nem sequer possui. Um presente dourado pago com dívida pública, ou seja, com os ossos e o sangue das próximas gerações.
Enquanto a Comissão Europeia pede contenção orçamental, o governo português tenta mostrar-se arrojado — não por coragem política, mas por submissão aos lobbies económicos, por fidelidade aos interesses instalados, por medo de desagradar aos donos do sistema.
E o povo? Esse assiste, cansado, enganado. Dizem-lhe que o país está melhor, que a economia cresce, que as contas estão certas. Mas no dia seguinte continua à espera de consulta no centro de saúde, de um professor para o filho, de uma oportunidade que não seja precária, de um Estado que não se ajoelhe sempre diante do capital.
Este plano de 10 mil milhões não é um investimento visionário — é um saque silencioso.
Não é desenvolvimento — é maquilhagem sobre ruínas.
Não é justiça económica — é a continuação da pilhagem consentida, em que os recursos do povo são canalizados para os cofres de quem já tem acesso privilegiado a tudo.
Se Portugal é pobre, não pode fingir que é rico para impressionar Bruxelas ou os mercados.
Se Portugal é digno, não pode aceitar que se governe a distribuir o que não existe, em nome de um progresso que não se vê.
É tempo de acordar.
Porque cada milhão gasto sem critério é um milhão arrancado à escola pública, à saúde, ao futuro.
E cada plano mirabolante sem escrutínio é mais uma pedra no túmulo da democracia.

